A Morte Diária do Ego
Sutapa Dasa
Os três maiores medos na vida: exames, falar em público e morte.
Os três maiores medos na vida: exames, falar em público e morte. Destes, o último é provavelmente o mais intenso. Conforme a hora fatídica da morte se aproxima, sabemos que tudo pelo que trabalhamos tão duramente pode ser arrebatado, colocando em xeque todo o nosso senso de identidade e propósito. Em um nível sutil, no entanto, estamos nos submetendo regularmente a essa experiência perturbadora. De que modo? O mundo nos ensina a basearmos nosso sentido de identidade e autoestima em considerações transitórias, externas e artificiais. Quando nos identificamos com nossas capacidades, instalações e cargos de responsabilidade, nós nos abrimos para a crise. Por quê? Porque a natureza imutável deste mundo é que essas coisas quase sempre desaparecem com o tempo.
Nós nos orgulhamos das nossas capacidades “exclusivas”, mas, em seguida, testemunhamos a nossa própria inaptidão, ou encontramos alguém mais qualificado e competente. Doloroso. Encontramos conforto em presentes cármicos como beleza, compleição física, aprendizagem e riqueza, mas as ondas do tempo, por fim, com grande insensibilidade, desintegra-os. Doloroso. Sentimo-nos valiosos por causa de nossa reputação, influência e posição na sociedade, mas todo carnaval tem seu fim. Doloroso. A mudança constante é o tema subjacente da fantasmagoria material – a sua natureza imparável (não pode ser detida), imprevisível (vai acontecer a qualquer momento) e incontrolável (pode ocorrer de diversas maneiras). Assim, nós sofremos uma morte sutil do ego cada vez que falsamente nos identificamos com o temporário.
Assim, os professores sábios continuamente nos lembram de nos concentrarmos em nossa identidade eterna, imutável e ontológica. Como seres espirituais, nosso verdadeiro eu está em sermos um servo abnegado. Tudo que recebemos na jornada da vida é simplesmente uma facilidade e um detalhe na direção disso, com qualquer situação sempre oferecendo uma oportunidade única para o serviço altruísta. Em tal consciência espiritual, todo medo, ansiedade e insatisfação desaparecem. Podemos ter a experiência de voltar para casa à noite depois de um dia “no mundo”. Rodeados por nossa família e amigos mais próximos, podemos colocar as pernas para cima, relaxar e sermos nós mesmos, sem artificialismo, sem atuação, sem máscaras. Se em nossa casa material, nos sentimos completamente confortáveis, seguros e naturais, imaginemos a satisfação, a alegria e o sentimento de satisfação que podemos experimentar se vivemos cada dia com a consciência clara de quem realmente somos: almas espirituais e servos abnegados. Essa é a última palavra em “ser você mesmo”.
Tradução de Maria do Carmo. Todo o conteúdo das publicações de Volta ao Supremo é de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, tanto o conteúdo textual como de imagens.
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