Aborto e a Linguagem do Inconsciente
Ravindra Svarupa Dasa
Em A Política e a Língua Inglesa, um ensaio publicado em 1946, George Orwell mostrou como a escrita e o discurso político, que, ele disse, são “em geral, a defesa do indefensável”, corrompem a linguagem através de prolixidade, expressões de uso desgastado, imprecisão, ambiguidade e eufemismo. O intento do escritor ou orador, Orwell disse, é ocultar o que ele está de fato dizendo – ocultar inclusive de si mesmo. Por exemplo: “Vilas indefesas são bombardeadas por aviões, os habitantes conduzidos para a zona rural, o gado metralhado, as choupanas reduzidas a cinzas por meio de munição incendiária: isto se chama pacificação. Milhões de camponeses são privados de suas fazendas e conduzidos exaustos pelas estradas com nada mais do que podem carregar: isto se chama transferência de população ou retificação de fronteiras. Pessoas são aprisionadas por anos sem direito a julgamento, ou baleadas na nuca ou enviadas para morrer de escorbuto em explorações florestais nas regiões árticas: isto se chama eliminação de elementos instáveis. Semelhante fraseologia é necessária se alguém quer nomear coisas e eventos sem evocar imagens mentais dos mesmos.
O ensaio de Orwell tornou-se famoso, mas isso não inibiu oficiais americanos de usar esses mesmos eufemismos durante a Guerra do Vietnam.
Mais recentemente, ofereceu-se ao público mundial uma dramatização da lição de Orwell no programa televisivo de grande ibope Holocausto, do diretor Marvin Chomsky. Um personagem principal na história era Eric Dorf, um advogado jovem e brilhante que se tornou proeminente no SS principalmente em virtude de seu talento em manufaturar eufemismos. Dorf chamou os guetos nos quais os judeus eram confinados de “Territórios Judaicos Autônomos”; a remoção dos judeus para campos de extermínio ele chamou de “reassentamento” e “relocação”; o assassinato de judeus em massa ele chamou de “manejo especial”. Deste modo, Dorf proveu ao SS uma maneira de falar sobre suas atividades sem fazer com que eles mesmos e seus ouvintes tivessem inapropriadamente a consciência do que estavam verdadeiramente fazendo.
“Linguagem política”, escreveu Orwell, “é produzida a fim de fazer com que mentiras pareçam verdades, e assassinatos, algo respeitável”. Todavia, nem o ensaio de Orwell nem a popularização de sua lição em Holocausto parece ter detido o uso da linguagem política. Ela continua atendendo uma grande necessidade. Um exemplo particular da contemporaneidade americana é muito elucidativo.
A questão política aqui é o aborto. Aborto, porém, é uma palavra feia e brutal, pois o que ela nomeia é feio e brutal. Um outdoor anunciando ABORTO com letras de um metro de altura chocaria a nossa sensibilidade. Mas não somos desnecessariamente conscientizados do serviço oferecido quando lemos INTERRUPÇÃO DE GESTAÇÃO. Eis uma amostra de linguagem política com todo o seu primor. Um conjunto de desgraciosas palavras polissilábicas substitui uma palavra curta e direta. A nova expressão astutamente afasta o fato de que uma vida é findada sugerindo que apenas uma gravidez o é. A expressão, nas palavras de Orwell, “cai sobre os fatos como neve macia, obscurecendo os contornos e cobrindo todos os detalhes”.
Ademais, quando a mãe decide que alguém interromperá sua gestação – isto é, abortará seu feto – ela, em momento algum, ouve algo tão claro e ofensivo como o fato de que a morte de uma criança ocorrerá. Ao invés disso, ela ouve que o tecido será removido, uma expressão que confortavelmente coloca a operação no nível do cortar de uma unha encravada ou da remoção de uma verruga ou outra excrescência qualquer.
Obviamente, algum Eric Dorf anônimo está trabalhando diligentemente, fazendo um serviço necessário.
O próprio fato de os abortistas refugiarem-se na linguagem política é, em si mesmo, um forte argumento contra o que defendem. Não haveria necessidade para eufemismo se não houvesse nada a ser escondido. A denúncia da enganação apenas mostra quão afoitas as pessoas estão para se tornarem destituídas de consciência em relação aos seus atos. Embora, no coração, reconheçam a autoenganação, prosseguem com o artifício, pois a clareza de consciência seria insuportável.
Orwell constatou que, quando a linguagem é corrompida, o pensamento é corrompido, a consciência é corrompida – o povo é corrompido. Aprimorar a linguagem é aprimorar os seres humanos. Contudo, o aparecimento da linguagem política entre aqueles que advogam a favor do aborto mostra especialmente quão difícil é o problema. A maior parte dos abortistas é liberal e, como tal, alegam serem sensíveis ao tipo de linguagem necessária para a totalitária burocratização do mal. Eles, acima de tudo, ouviram Orwell. Infelizmente, contudo, eles são suscetíveis à mesma corrupção. As expressões interrupção de gestação e remoção do tecido devem ser adicionadas a pacificação, eliminação de elementos instáveis e manejo especial como parte da particular contribuição de nosso tempo para a corrupção da vida humana.
Suspeito, entretanto, que alguém advogando a favor do aborto acusaria o meu caso de ser petitio principii e afirmaria que tenho de lidar com questões mais substanciais do que a linguagem. As expressões interrupção de gestação e remoção do tecido, os abortistas diriam, são de alguma maneira eufêmicas, mas são mais do que isso. A mãe buscando por um aborto fez uma difícil escolha, e grande parte de sua dificuldade se deve ao seu condicionamento causado por uma especiosa perspectiva que trata o feto como uma pessoa e a destruição do mesmo como homicídio. Essa visão é baseada na ideia não científica de que o feto é uma pessoa em virtude de uma “alma”. Chamar o feto de tecido apenas enfatiza que tecido é tudo o que o feto de fato é, e tecido é tudo o que é destruído. Meu argumento pressupõe que o feto é uma pessoa, mas essa suposição é precisamente o que está sob questionamento.
Aqui, portanto, o aborto é justificado por uma visão de mundo que (apelando à autoridade da ciência) vê tudo na existência, inclusive os seres humanos, como surgido, em última instância, de combinações acidentais de matéria inconsciente e sem vida. Todos são familiarizados com essa posição. Como uma justificativa para o aborto, todavia, isso tem problemas. De acordo com essa visão, um óvulo fertilizado se torna um ser humano através de uma complexidade em estrutura orgânica gradualmente crescente. Porém, o ponto neste processo no qual a entidade é complexa o bastante para ser chamada de “humano” é reconhecidamente arbitrário. Qualquer número de critérios pode ser selecionado por qualquer número de razões. Uma vez aceito o princípio que reduz os seres humanos a complexidades de matéria, uma forte conjetura foi feita de que uma criança se torna humano apenas após o nascimento – por exemplo, após ter desenvolvido as conexões neurais associadas à linguagem. O ponto é que nós decidimos, arbitrariamente, se queremos ou não reconhecer alguns seres como humanos. Afinal, a mesma filosofia reducionista que diminui um feto ao status de tecido também nos reduz a tecidos. Somos, todos nós, nada mais do que tecido. Contudo, porque escolhemos matar a criança não nascida, apresentamos o ponto de chamá-la de “tecido”. Se escolhermos matar outros, poderíamos classificá-los como “tecidos” também. Aqueles mentalmente retardados são “tecidos”? Os idosos e os enfermos são “tecidos”? É claro que são, e, se decidirmos que é muito dispendioso e incômodo cuidar deles (ou, na linguagem política, que “envolve alto custo social”), começaremos a chamá-los de “tecido” e solicitaremos que sejam “interrompidos”.
Estamos de volta à linguagem. Facilita-nos matar pessoas se não pensarmos nelas como tal. Pela mágica da palavra, tornamo-las menos do que humanos: “escória”, “bárbaros”, “mão-de-obra”, e, neste caso, “tecido”. Termos uma justificação filosófica para este procedimento apenas o torna pior. A linguagem de Eric Dorf baseou-se na filosofia de que os judeus não eram humanos e de que matá-los não era assassinato – mas apenas “manejo especial”, como dispor do estoque indesejado de um armazém.
A questão linguística e a questão substancial realmente chegam ao mesmo ponto: despersonalização. Historicamente, a despersonalização começou pela natureza. Antes que a natureza pudesse ser conquistada e explorada, ela precisava ser despersonalizada. Enquanto se acreditasse que a natureza era controlada por forças pessoais, o indivíduo tinha de aplacar e satisfazer a natureza através de expiação e sacrifício. Os poderes eram mais fortes do que os homens, e facilmente ofendidos; o indivíduo tinha de ser cuidadoso e subserviente; na melhor das hipóteses, o controle era indireto e precário. Mas a visão mecanicista do mundo como nada senão estruturas de matéria morta impulsionadas por forças impessoais invariáveis tornou possível uma tecnologia para a dominação humana direta e para o controle sobre a natureza.
Esta despersonalização, na verdade, já começou com o cristianismo, que baniu os deuses pagãos e os incontáveis espíritos locais de bosques e riachos e montanhas. O cristianismo reconheceu uma única Deidade transcendental inteiramente separada de Sua criação. A natureza, por conseguinte, perdeu tanto seu caráter pessoal como seu caráter sagrado. Na verdade, com o cristianismo, a parte não humana da criação tornou-se uma espécie de anomalia; ela não tinha significado em si mesma, mas antes era meramente a cortina de fundo para o drama central humano da rendição. Apenas os humanos tinham almas imortais, e todo o excesso de vida furiosa e intrincada que, de outra forma, enche o mundo era um adendo ininteligível, com significado apenas quando servindo a algum fim humano. O mundo, então despersonalizado e dessacralizado, podia então ser tratado inteiramente como uma coisa, como um objeto para estudo solto e para manipulações mecânicas de uma ciência impessoal.
Houve algum sucesso neste empenho, e naturalmente surgiu o questionamento: Por que a humanidade em si deveria ser única, categoricamente diferente do resto da criação? Se as leis são universais e a natureza é uma unidade, por que os seres humanos não deveriam se sujeitar às mesmas categorias de explicação que abarcam todo o resto? E, no que diz respeito a Deus – Deus já era visto como essencialmente desconectado da criação, tão transcendente que não podíamos formar absolutamente nenhuma ideia positiva apropriada acerca dEle, e a visão do mundo como um campo de forças impessoais operando de acordo com leis imutáveis O tornou ainda mais remoto e, finalmente, irrelevante. Deus foi eclipsado, e a humanidade não mais era única.
A vida humana em si estar se tornando cada vez mais impessoal e mecanicista é simplesmente o último estágio neste desenvolvimento histórico. Despersonalizamos a natureza; despersonalizamos Deus; agora estamos ocupados na despersonalização de nós mesmos. O domínio da visão mecanicista e reducionista do mundo em nossa cultura assegura que o processo continuará. Embora as pessoas continuamente se queixem de que são tratadas como coisas, essas mesmas pessoas aceitam inteiramente a visão de mundo que as transforma em coisas. Eis por que a visão pesadelar da sociedade transformada em um coletivo numerado de robôs escravizados a rotinas estúpidas por uma burocracia inescrutável ou por um líder remoto e onipotente assombra-nos com persistente e grande força. É algo genuinamente profético, pois o futuro já está em nós. Nós aceitamos todas as condições para isso, e agora temerosamente aguardamos a manifestação.
O estabelecimento do aborto traz o pesadelo para mais perto da realidade. Talvez temamos o crescimento da despersonalização da vida, mas justificar a morte de uma criança não nascida porque ela não é nada além de tecido é dar mais um terrível passo adiante nessa despersonalização.
Despersonificar significa matar, insensibilizar a vida; significa transformar o que é vital em algo inerte e mecânico; significa uma perda de consciência. É importante compreender isto profundamente, porque traz à tona o fato de que ninguém pode despersonalizar outros sem, ao mesmo tempo, despersonalizar-se. Aqueles que tornam uma criança não nascida menos do que humana tornam-se, por consequência, menos do que humanos, e impensadamente revelam isso adotando a linguagem que é produzida com o fim de promover a falta de consciência. O próprio Orwell particularmente observou que um palestrante de linguagem política assemelha-se mais a um fantoche do que a um vivente ser humano: ele “já está a caminho de tornar-se uma máquina” e entrou em “um estado reduzido de consciência”. Redução de consciência define precisamente a regressão da raça humana.
Uma vida humana progressiva é um contínuo combate contra a inconsciência. A inconsciência caracteriza a morte, o inerte; estar plenamente vivo significa estar plenamente consciente. O aprimoramento da consciência é o triunfo da vida sobre a morte, do espírito sobre a matéria. Despersonalização, inconsciência, ameaça tudo de valor que a vida humana pode lograr. Contudo, já fomos, por algum tempo, reduzidos em consciência. A despersonalização de Deus e da natureza foram passos significativos em direção à nossa própria despersonalização; ver Deus e a natureza como insencientes é uma função de nossa própria senciência reduzida.
Antes que possamos fazer algo em relação à despersonalização, temos que compreender sua causa. A despersonalização é necessária para que dominemos e desfrutemos o outro. Quando eu, um sujeito consciente, reconheço outrem como um sujeito consciente como eu, as variantes de relações que temos são o que chamamos de relações pessoais, baseadas em um respeito mútuo pela subjetividade do outro. Caso, todavia, eu me determine a dominar outrem a fim de usar essa pessoa como um instrumento para o meu gozo pessoal, então a transformo em um objeto, mero meio. A pessoa se torna meramente uma ferramenta a ser manipulada e controlada. Eu não considero que o outro tenha significado por si mesmo, e, deste modo, perco a consciência do outro como uma pessoa. Um dono de fábrica interessado apenas em lucro, por exemplo, não considerará verdadeiramente seus empregados humanos como tais; eles são meramente ferramentas de trabalho, fatores em uma equação econômica, bens úteis. De forma similar, as mulheres são exploradas pelo homem quando o homem as considera apenas como objetos de desfrute, meros instrumentos. O explorador de trabalhadores ou de mulheres despersonaliza-os, mas, no processo, ele despersonalizou a si mesmo, pois se tornou inconsciente. Assim incapacitado, ele não é capaz de experimentar relações pessoais, em virtude do que esvaziou de significado sua própria vida.
Destarte, o impulso para satisfazer apetites humanos causa a despersonalização e a inconsciência. Todas as relações humanas nas quais este impulso é um fator são, nessa extensão, corrompidas, e o suposto desfrutador, com sua consciência diminuída, priva-se da única fonte real de felicidade: relações genuinamente pessoais, as quais ampliam a consciência e a vida em si, o que não pode ser feito por nada mais.
Por esta razão, temos de aceitar a conclusão difícil, embora inevitável, de que a despersonalização e a inconsciência só podem ser eliminadas por meio da eliminação do desejo de desfrutar de outros indivíduos. Uma vez que esse desejo encontra-se muitíssimo enraizado, sua erradicação requereria um tipo muito fundamental de reforma humana. Isto talvez pareça radical, mas não deveria ser surpreendente. Vemos como a permanente intromissão de despersonalização e inconsciência em nossas vidas – exemplificada em nossa aceitação do aborto – é função de uma visão de mundo fundamental e há muito estabelecida. Emendas constitucionais, legislação e medidas similarmente superficiais não mudarão isto, senão que a visão de mundo impessoal e mecanicista precisa ser abandonada. Isto, entretanto, só acontecerá se pudermos nos livrar do desejo de tornar o outro um instrumento de nosso próprio desfrute.
A única visão de mundo que conheço que é completamente pessoal, que vê tanto Deus como todos os confraternais seres vivos como irredutivelmente conscientes e pessoais, é ensinada pelo Senhor Krsna no Bhagavad-gita e elaborada no Srimad-Bhagavatam. Segundo essa visão, não apenas humanos – e fetos humanos – são almas: todos os seres vivos são almas: A alma é minúscula, mas é uma entidade espiritual eterna com a consciência como sua característica principal. As almas ocupam corpos de matéria; elas são a força viva. Assim, não há criatura viva sem significância por si mesma. Uma pessoa que tenha se tornado completamente consciente devido a seguir as direções do Bhagavad-gita vê isso, e não irá explorar nenhuma criatura para o seu gozo. Seu amor é irrestrito e desimpedido.
Uma pessoa consciente não matará sequer animais, muito menos humanos muitíssimo jovens, para o seu prazer ou conveniência. Certamente a inconsciência e a brutalidade que nos permitem erigir fábricas de morte para os animais assentam a base para tratarmos os humanos da mesma maneira.
A ideia de que a vida é a propriedade das almas é derrisoriamente referida pelos pensadores mecanicistas como “vitalismo” ou “animismo”. Eles alegam que não há evidência para as almas. Não obstante, é uma falha singular na ciência materialista a incapacidade de demonstrar como, de um mundo composto de nada além de matéria, às vezes surge uma matéria que pode experienciar. Ademais, a habilidade de perceber almas não é possuída por todos – não é possuída, em particular, por aqueles que se tornaram inconscientes em razão de sua mentalidade exploradora. Uma sociedade cujo ideal é reduzir tudo a objetos exploráveis não produzirá muitas pessoas conscientes o bastante para ver o que é vivo e pessoal. Tal sociedade avançará apenas na crescente obscuridade da inconsciência e da impessoalidade.
Apesar de tudo, é possível neutralizar esta corrupção de nossa experiência, esta brutalização da consciência que aniquila nossa habilidade de entrar em relações pessoais e condena-nos a uma existência absurda e insípida em um mundo cadavérico e desalmado. Não temos que ser vítimas dos políticos da inconsciência.
De acordo com o Bhagavad-gita, o desejo de controlar e desfrutar o outro não é natural em nós. O desejo em si é o sintoma da vida; o desejo é natural, mas, em seu estado original, esse desejo se manifesta como irrestrito amor a Deus, Krsna, a Pessoa Suprema – e, através dEle, a todas as outras pessoas, que vêm dEle e que são partes dEle. Somente em nosso estado de inconsciência nos esquecemos do verdadeiro objeto de nosso amor e permitimos que o nosso amor se transforme em luxúria, no desejo de explorar o outro visando nossos propósitos egoístas. Esta transformação pode ser revertida.
O método prático mediante o qual se converte luxúria em amor, inconsciência em consciência, chama-se bhakti-yoga. Este yoga redireciona o uso dos sentidos, removendo-os do dominar e desfrutar o outro, e coloca-os no serviço a Krsna, que é o mestre natural dos sentidos. No curso desse serviço devocional, todas as potencialidades da alma se tornam manifestas. Experimentamos o verdadeiro prazer da consciência plena, da vida sem limitação ou qualificação. Este avanço para a consciência completa e para relações pessoais desimpedidas é a meta da vida humana.
Muito embora a consciência seja uma opção viva, o futuro da sociedade humana ainda parece gélido. A aceitação do aborto é uma grande vitória para os políticos da inconsciência. Todavia, diferentemente das milhões de crianças inocentes que ela impiedosamente destruiu, não temos de nos tornar infelizes vítimas suas. Não temos de sucumbir a essa monstruosa negação da vida. Aceitemos o convite de Krsna e reingressemos no mundo do vivente.
Despersonificar significa matar, insensibilizar a vida; significa transformar o que é vital em algo inerte e mecânico; significa uma perda de consciência. É importante compreender isto profundamente, porque traz à tona o fato de que ninguém pode despersonalizar outros sem, ao mesmo tempo, despersonalizar-se.
25 de novembro de 2012 às 10:27 PM
Achei que ia ler algo interessante, mas me decepcionei. Texto generalizador, padronizador e normatizador. Se fosse baseado numa pesquisa, quem sabe tivesse mais credibilidade essa questão da linguagem suavizar ou não tal contexto, que só uma mulher pode saber o que sente ou deixa de sentir.
3 de maio de 2015 às 2:37 PM
“Normatizador”, “só uma mulher pode sentir” alguém aí em cima diz…Hum, você pode negar que seja um assassinato e elencar um sem número de argumentos para justificar como que o artigo carece de credibilidade “porque não se baseia em uma pesquisa. Sou forçado a concluir que a “pesquisa científica” e o jargão acadêmico são eventos naturais e fora disso o que se escrever e raciocinar se não for referendado pelo Dr. tal não tem respaldo? Hum…talvez não tenha respaldo porque é desconfortável pensar que mesmo que eu desnaturize o outro, não muda o fato de que ele é um ente, um ser. Assassinato é assassinato, pode ter mais ou menos atenuantes, mas continua sendo um assassinato. Isso não é generalizar, isso é constatar. Isso me evoca Raskolnikov, personagem central do célebre romance de Dostoievski, Crime E Castigo, justificando o assassinato da velha usurária onde ele empenhou algumas jóias, de que ela era apenas “um piolho” e de que ele apenas repetia na microestrutura o que Napoleão havia feito na macro: Derramou sangue assentado no ideário de conquista de finanças escoradas no sistema bancária. A velha usurária nada mais era do que um “pequeno banco”. E se a história absolveu Napoleão, porque Raskolnikov não o seria? Padronizador, normatizador, generalizador, só uma mulher pode sentir….acho que tem mais alguém nessa história que pode sentir e muito. Só não tem voz.
4 de dezembro de 2015 às 4:19 PM
Texto muitíssimo interessante. Acrescentaria o fato de o aborto ser a justificativa para “corrigir um erro” gerado pela luxúria instalada neste mundo…as pessoas usam umas às outras simplesmente para o gozo dos sentidos, não pensando nas consequências de seus atos, e a “solução” do aborto é simples. Dessa forma continuamos a nos envolver em atividades pecaminosas indiscriminadamente.
16 de janeiro de 2016 às 9:48 PM
Que texto maravilhoso! Foi como uma cachoeira de esclarecimento. Confesso que tinha muitas dúvidas a respeito desse assunto, e até cheguei a apoiar essa medida do aborto, por algumas razões: pelo aborto ser feito por muitas mulheres, as de classe social mais abastada tinham acesso a algo limpo e sem riscos, enquanto as mais pobres acabavam morrendo. Existe um viés social aí inserido, questão de saúde pública. Mas lendo o seu texto, eu percebo que nada disso seria necessário se todos cultivássemos a experiência de amor a Deus, deixando de tentar usufruir dos modos da natureza material. É uma mudança muito profunda que é preciso pra todos nós, a de mudarmos nosso referencial e o objetivos de vida, a fim de criarmos uma sociedade mais consciente de Krsna. Agora faço uma pergunta: O senhor não acha que essa aprovação da medida a favor do aborto, embora pareça alimentar a licenciosidade, não tem seu beneficio, ao menos temporário? Me explico: enquanto a consciência de cada um não se expande no sentido da visão espiritual, não é benéfico para a sociedade que pelo menos a saúde do corpo seja preservada? Será que é papel do Estado instituir modos de vida que só poderiam advir de uma conscientização pessoal e individual? Acredito que o Estado pode se modificar, mas a partir do individuo. O que o senhor acha disso? Amei o texto, muito obrigado. Hare Krsna!
1 de dezembro de 2016 às 9:53 AM
Um show de lu(z)cidez
1 de dezembro de 2016 às 11:04 AM
Gostaria de entender mais sobre as consequências biológicas, psicológicas e espirituais do aborto e como auxiliar a pessoa que fez essa escolha e que sofre atualmente com a depressão, com a culpa e tem por vezes pensamentos suicidas. Krishna pode acolhê-la?
4 de outubro de 2019 às 1:35 PM