As Cinco Esferas de Existência
A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
Das necessidades básicas à perfeição mais elevada.
É fundamental que as entidades vivas se ocupem em consciência de Krishna, sempre prestando serviço devocional através dos métodos prescritos, como ouvir, cantar e executar Suas ordens. Se a pessoa não se ocupar em consciência de Krishna e em serviço devocional, é inútil para ela exibir os sintomas de vida. De um modo geral, se uma pessoa está respirando, aceita-se que ela está viva. Porém, uma pessoa sem consciência de Krishna pode ser comparada ao fole de um ferreiro. O grande fole é um saco de pele que exala e inala ar, e um ser humano que simplesmente vive dentro do saco de peles e ossos sem adotar a consciência de Krishna não é melhor do que o fole. Da mesma forma, a longa duração de vida de um não devoto é comparada à longa existência de uma árvore; sua voraz capacidade de comer é comparada ao ato de comer dos cães e porcos, e seu desfrute de vida sexual é comparado àquele dos porcos e bodes.
Dentro do corpo, existem cinco diferentes esferas de existência, conhecidos como anna-maya, prana-maya, mano-maya, vijnana-maya e, por último, ananda-maya. No início da vida, a consciência de toda entidade viva gira em torno do alimento. Uma criança ou um animal fica satisfeito unicamente por conseguir alimento adequado. Esse estágio de consciência, no qual a meta é comer suntuosamente, é chamado anna-maya. Anna significa “comida”. Depois disso, toma a consciência de se estar vivo. Se a pessoa pode continuar sua vida sem ser atacada ou destruída, ela considera-se feliz. Essa fase chama-se prana-maya, ou consciência da própria existência. Após essa etapa, quando se está na plataforma mental, a consciência é denominada mano-maya. A civilização materialista está situada principalmente nestes três estágios: anna-maya, prana-maya e mano-maya. A primeira preocupação das pessoas civilizadas é o desenvolvimento econômico, a próxima é a defesa contra a aniquilação, e a consciência seguinte é a especulação mental, a abordagem filosófica dos valores da vida.
Se, pelo processo evolutivo da vida filosófica, alguém chega à plataforma da vida intelectual e compreende que não é este corpo material, mas uma alma espiritual, ele chega, então, à fase de vijnana-maya. Posteriormente, por avanço na vida espiritual, chega-se à compreensão do Senhor Supremo, ou a Alma Suprema. Quando alguém desenvolve sua relação com o Senhor e executa serviço devocional, essa etapa da vida chama-se “consciência de Krishna”, a fase ananda-maya, que é a vida bem-aventurada de conhecimento e eternidade. Como é assinalado no Vedanta-sutra, ananda-mayo ’bhyasat. O Brahman Supremo e o Brahman subordinado, ou a Suprema Personalidade de Deus e as entidades vivas, são ambos felizes por natureza. Enquanto as entidades vivas se encontram nas quatro fases inferiores de vida – anna-maya, prana-maya, mano-maya e vijnana-maya – considera-se que elas estejam na condição material de vida. Todavia, assim que atinge o estágio de ananda-maya, a pessoa é considerada uma alma liberta. Essa etapa de ananda-maya é explicada no Bhagavad-gita como a fase brahma-bhuta. Ali, afirma-se que, na fase brahma-bhuta da vida, não há qualquer ansiedade, tampouco algum desejo. Esse estágio começa quando a pessoa está igualmente disposta para com todas as entidades vivas e, depois, se expande para a fase da consciência de Krishna, na qual ela sempre anseia por prestar serviço à Suprema Personalidade de Deus. Esse anseio por avanço em serviço devocional não é o mesmo que o desejo pelo gozo dos sentidos na existência material. Em outras palavras, o desejo permanece na vida espiritual, mas ele se purifica. Da mesma forma, quando nossos sentidos se purificam, eles são libertos das etapas materiais, a saber, anna-maya, prana-maya, mano-maya e vijnana-maya, e situam-se no mais elevado estágio – ananda-maya, ou vida bem-aventurada em consciência de Krishna. Os filósofos mayavadis consideram ananda-maya como o estágio no qual a pessoa está imersa no Supremo. Para eles, ananda-maya significa que a Superalma e a alma individual se tornam uma. Não obstante, o fato real é que a unicidade não implica fusão com o Supremo e perda da existência individual. Fusão na existência espiritual é a realização da unidade qualitativa da entidade viva com o Senhor Supremo em Seus aspectos de eternidade e conhecimento. No entanto, o verdadeiro estágio de ananda-maya (bem-aventurança) é alcançado quando ela está ocupada em serviço devocional. Isso é confirmado no Bhagavad-gita: mad-bhaktim labhate param. Aqui, o Senhor Krishna enuncia que a fase brahma-bhuta ananda-maya está completa apenas quando há intercâmbio amoroso entre o Supremo e as entidades vivas subordinadas. A menos que a pessoa chegue a essa fase ananda-maya, ela está respirando como um fole de ferreiro, sua duração de vida assemelha-se à de uma árvore e ela não é melhor que os animais inferiores, tais como os camelos, porcos e cães.
Inquestionavelmente, a entidade viva eterna não pode ser aniquilada em nenhuma fase de sua existência. Contudo, as espécies inferiores de vida existem em uma condição miserável, ao passo que a pessoa que se ocupa em serviço devocional ao Senhor Supremo está no prazeroso estágio da vida, ananda-maya. Todas as diferentes fases mencionadas acima estão relacionadas com a Suprema Personalidade de Deus. Embora em todas as circunstâncias existam tanto a Suprema Personalidade de Deus quanto as entidades vivas, a diferença é que a Suprema Personalidade de Deus sempre existe no estágio ananda-maya, ao passo que as entidades vivas subordinadas, devido à sua diminuta posição como partes fragmentárias do Senhor Supremo, são propensas a cair nos outros estágios de vida. Conquanto, em todas as etapas, tanto a Suprema Personalidade de Deus quanto as entidades vivas existam, a Suprema Personalidade de Deus é sempre transcendental ao nosso conceito de vida, quer estejamos em enredamento, quer em libertação. Toda a manifestação cósmica torna-se possível pela graça do Senhor Supremo, existe pela graça do Senhor Supremo e, quando é aniquilada, funde-se na existência do Senhor Supremo. Desta forma, o Senhor Supremo é a existência suprema, a causa de todas as causas. Logo, a conclusão é que, sem desenvolvimento da consciência de Krishna, a vida é apenas um desperdício de tempo.
.
Curta no Facebook: Prabhupada – O Mundo Precisa Conhecê-lo
.
Se gostou deste material, também gostará destes: Da Autorrealização ao Amor Puro, Um Amor Interminável, Srimati Radharani: Gênero, Divindade e Amor na Forma da Deusa Dourada, Taj Mahal: Duradouro Monumento ao Amor, Nārada-bhakti-sūtra: Os Segredos do Amor Transcendental.
.
Se gostou deste material, também gostará do conteúdo destas obras: