Cultura de Amor
Bhakti Dhira Damodara Swami
A cultura de amor exige sacrifício – um sacrifício que pode ser, em verdade, muito doloroso. Por isso, apenas as pessoas mais nobres e elevadas podem se dispor ao amor verdadeiro.
Neste mundo material, muitos poetas, em muitas obras literárias, escrevem sobre o amor. As pessoas em geral também falam sobre o amor, bem como músicos em suas composições. Há também muitos cartazes no planeta inteiro onde vemos homens e mulheres, nas suas diferentes expressões, demonstrando esse amor. Então, o que vemos neste mundo? Vemos que estamos cometendo vários erros, e um deles é pensar que sexo é amor. Não é verdade. Tratam-se de duas coisas diferentes.
A cultura de amor exige algo: abnegação. Amor significa não querer ganhar ou pegar. Entre duas pessoas que se amam, não existe a mentalidade de receber. Na cultura de amor, a ideia de pegar está cem por cento ausente.
No mundo material, duas pessoas se juntam com que finalidade? Eu estou procurando o que falta em mim, no corpo do outro. O outro está procurando em mim o que está faltando no corpo dele. Se o que está faltando em você, também está faltando em mim, então nós dois não temos essa coisa. Mas estamos procurando por isso, no corpo do outro, em nome do amor. Se nenhum de nós tem o que o outro busca, qual será o resultado? O que começou como amor, terminará em briga, em desastre. Então, no mundo material, os relacionamentos às vezes não são maravilhosos, porque se baseiam em um engano.
A cultura de amor é uma cultura de dar, e não de receber. Em uma sociedade em que duas pessoas se juntam apenas para dar, tudo será magnífico. Isso será uma expressão maravilhosa, onde as duas partes ficarão felizes e satisfeitas. Isso caracteriza o mundo espiritual, em contraste com o mundo material. A cultura de amor existe no mundo espiritual. Entre tantas personalidades, apenas as personalidades santas, que conhecem a cultura de amor, estão prontas para dar, porque a cultura de amor é algo doloroso. Por quê? Porque as pessoas que nós amamos vão fazer alguma coisa que não nos é agradável, mas temos que estar prontos para aceitar isso devido ao amor que temos por elas.
A cultura de amor é uma cultura de dar, e não de receber.
Consideremos uma mãe que ama seu filho. Ela não espera nada em troca, e o filho não oferece auxílio algum. O que o filho poderia dar aos pais? São os pais que dão. Os pais oferecem amor, e o filho oferece muita ansiedade, noites sem dormir, visitas ao hospital, algumas vezes choro ao longo de toda a noite… Apesar de tudo isso, o pai não joga a criança fora, porque existe o amor. A criança vomita no corpo de sua mãe, mas nenhum pai e nenhuma mãe ficam irados com isso, senão que os pais cuidam amorosamente de seus filhos. Isto é um assunto muito doce, muito maravilhoso.
Essa cultura do amor, a cultura de apenas dar, nós vemos na vida de personalidades santas que vieram a este mundo, mandadas por Deus. Tais sujeitos cumprem seu dever sem esperar nada em troca. Eles são completamente altruístas. Por amor, toleram dificuldades na tentativa de salvar as pessoas. Todas as personalidades santas que vêm a este mundo passam por problemas.
Jesus, por exemplo, foi crucificado. Por quê? Por pregar o amor a Deus. Ele estava ensinando: “Vocês devem abandonar a vida pecaminosa.” Esse foi o seu amor por nós, seu cuidado conosco. Jesus arriscou sua própria vida para vir nos dizer: “Vocês estão sofrendo em razão de suas atividades pecaminosas. Descontinuem tal coisa.” E o que aconteceu com ele? Foi negado abertamente, e foi vendido. Em seguida, foi crucificado junto de dois ladrões, com os quais conversou. Um deles disse: “Jesus, você disse que é filho de Deus, mas agora você está fincado aqui, sofrendo. E eu sou um ladrão que roubou muitas pessoas e cometeu muitas atividades pecaminosos, e estou aqui também. Qual a diferença? Você sofreu por nada. Não desfrutou nem material nem espiritualmente. Eu, ao menos, desfrutei minha vida material. Por isso, não me arrependo do que eu fiz. Mas de que benefício pessoal você gozou?” Ouvindo isso, Jesus não ficou irado. Por quê? Por causa do seu amor. Ele falou: “Krishna, perdoe-os. Eles não sabem o que estão fazendo.” Isso é amor. Jesus sacrificou sua vida por pessoas que ele nem mesmo conhecia.
Maomé também pregou o amor a Deus. E o que houve? Foi ameaçado de morte por seus próprios discípulos. Independente disso, orou: “Krishna, perdoe-os. Eles não sabem o que estão fazendo.”
Por que eles não tinham rancor? Porque nos amavam sinceramente, de coração. Assim, viam todos por iguais, sem discriminar. “São todos filhos de um pai.” Isso é a cultura de amor, que existe no mundo espiritual, entre os devotos puros de Deus. E quando eles vêm a este mundo material, eles o fazem apenas pensando no nosso interesse. Exclusivamente para o nosso bem, eles sofrem, movidos por amor.
Se queremos entrar na cultura do amor, devemos abandonar o egoísmo. O que significa egoísmo? Meu relacionamento com você se baseia no que posso pegar de você para dar prazer aos meus próprios sentidos. Isso não é amor. Onde quer que exista a ideia de pegar do outro em troca do amor, isso não é amor, mas, sim, egoísmo.
E não nos é possível estarmos felizes neste mundo sem entrarmos para a escola do amor. Na escola do amor, temos uma grande lição a aprender. Qual é a lição? Devemos aprender a viver uns para os outros, estarmos prontos para fazer sacrifícios pelo prazer dos outros. Isto é a cultura do amor: “Eu existo aqui simplesmente para cuidar de você.”
Se nós cultivarmos essa cultura, o que acontecerá? Este mundo material se tornará o mundo espiritual. Isso é a força do amor. A força do amor pode mudar tudo.
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