Você Tem o Manual da Vida?

Yugavatara Dasa

Assim como toda máquina, as supermáquinas conhecidas como corpo humano e universo têm um manual.

Pelejei com meu novo celular o dia todo. Eu queria encaminhar uma mensagem de texto para um amigo, e via várias opções no menu do aparelho: Responder, Deletar, Detalhes… mas nada de “Encaminhar”. Frustrado, procurei um amigo para me ajudar. Ele logo me mostrou o procedimento. Me explicou: “Apenas mantenha o dedo por um tempo em cima do botão de SMS e aparecerá a opção Encaminhar.” Muito simples. “Você não leu o manual do celular? Ali tem tudo que você precisa saber”, ele disse. Eu não havia lido o manual. Assim que eu comprei o smartphone, comecei a usar. Depois desse incidente, eu imediatamente peguei o manual e o li de ponta a ponta. Havia muito que aprender sobre o aparelho, e muitos cuidados eram necessários para prevenir danos ao mesmo.

Conselhos Complexos: O Universo e o Corpo Humano

A maioria das pessoas entende a necessidade de se ter um manual quando a questão é aprender as funções de um celular, eletrodoméstico ou similar. Contudo, quando o ponto é conhecer as funções da gigantesca máquina conhecida como universo – e o pequeno universo conhecido como “corpo humano”, habitado por um ser vivo –, nós frequentemente tendemos a ignorar a necessidade de buscarmos por um manual de instruções. Conforme os humanos superam cada vez mais e mais fronteiras por meio de ciência e tecnologia, preferimos entender o funcionamento dessas máquinas menores.

Contudo, devemos entender que o universo em que vivemos é como uma supermáquina. Ele teve um projeto e tem um propósito. Quando nascemos neste mundo, somos por inteiro ignorantes, não sendo capazes de responder nem mesmo as questões mais essenciais, como “qual é a finalidade da vida e a finalidade do universo?” Para entendermos isso, temos que consultar o manual do universo. Na Bhagavad-gita, o Senhor Krishna declara que todo o universo emanou dEle e que tudo está funcionando sob a direção dEle. Ele nos providenciou Suas palavras divinas na forma da Bhagavad-gita e outras escrituras sagradas. Elas nos orientam a fazermos o melhor uso da vida enquanto vivemos neste mundo e, ao mesmo tempo, voltam nosso olhar para uma vida melhor no futuro.

Mesmo o corpo humano funciona como uma máquina, como se menciona na Bhagavad-gita (18.61), e tem que ser manuseado com cuidado, ou o danificaremos por nos darmos a atividades tolas. Sem conhecermos o propósito da vida, tendemos a desperdiçar o corpo tentando unicamente satisfazer as quatro necessidades animais básicas: comer, dormir, ter relações sexuais e defender-se. E o pior, podemos nos ocupar nessas atividades de maneiras destrutivas. Se comermos sem critérios, seremos vitimados por obesidade e diabetes. Darmo-nos a sexo irrestritamente conduz à propagação de doenças sexualmente transmissíveis. Dormir em excesso (ou dormir menos do que o necessário) pode perturbar a condição fisiológica do corpo. E muito medo e preocupação em relação à própria manutenção e segurança causam desordens psicossomáticas e várias doenças corpóreas, como síndrome do intestino irritável, hipertensão e hiperacidez.

Manuais poupam muito do nosso tempo – em vez de aprendermos apenas com nossas experiências, aprendemos com as experiências de outros também. Aprendemos com a vida de grandes reis exemplares e sábios de conhecimento consumado que viveram uma vida de integridade e devoção a Deus. Também estudamos a vida daqueles que utilizaram mal a preciosa oportunidade da vida humana e sofreram consequências terríveis. Por que deveríamos desperdiçar nossa vida cometendo erros repetidamente até, por fim, concluirmos que os livros sagrados estão nos alertando e orientando sobre tudo isso de antemão? Como diz o ditado: “A experiência é o melhor professor, mas pode chegar tarde.” Consultemos os manuais da vida, a Bhagavad-gita e outras escrituras de sabedoria, e façamos o melhor uso de nossa existência humana.

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