Reverência por Toda Forma de Vida

10 SI (artigo - alimentacao) Reverência por Toda Forma de Vida (1503) (sankirtana) (bg) (ta)3Giriraja Swami
(Excerto da obra Veda, Segredos do Oriente)

A palavra “vegetariano”, cunhada pelos fundadores da Sociedade Vegetariana Britânica em 1842, vem da palavra latina “vegetus”, que significa “integral, sadio, viçoso ou vivo”, como na expressão “homo vegetus”, que designa uma pessoa vigorosa mental e fisicamente. O significado original da palavra sugere um senso de vida equilibrado, filosófico e moral muito mais do que uma dieta exclusiva de vegetais. A chave para ser vegetariano, portanto, é mais do que simplesmente evitar carne; é reconhecer a origem de toda forma de vida.

No final de 1997, recebi um telefonema de Sri Bhari B. R. Malhotra, um proeminente industrialista residente em Pune, Índia, convidando-me a palestrar em uma conferência sobre “Reverência por Toda Forma de Vida”. Considerando o relacionamento dos Malhotras com Srila Prabhupada – ele os chamava de “nossos bons amigos” – e desejoso de apresentar a mensagem de Krishna, eu aceitei.

A lista dos organizadores da conferência era impressionante. Representantes destacados de várias esferas e culturas haviam se juntado a fim de promover o vegetarianismo. A conferência se deu na área verde do mais prestigioso hotel de Pune. No palco, estavam líderes distintos das esferas religiosa, política, científica, de negócios, trabalho social e até mesmo militar. Milhares de representantes do mundo todo estavam presentes na audiência.

O programa começou com o representante de cada religião entoando uma breve oração de invocação. Então, todos os participantes no palco se uniram para acender uma lamparina sagrada. Um após o outro, os ilustres oradores clamavam por compaixão, não violência e reverência por toda forma de vida. Por fim, fez-se chegada a minha vez de falar.

“Estou muito contente por estar com vocês, damas e cavalheiros, neste dia e gostaria de expressar minha gratidão aos organizadores, especialmente meu querido amigo Sri Bhari Malhotra; seu irmão mais velho, Sri S. P. Malhotra, e a todas as outras grandes almas que ajudaram a organizar este evento e torná-lo tão bem-sucedido”.

“Estamos aqui para apreciar e desenvolver reverência por toda forma de vida. O Bhagavad-gita, que é uma explicação científica acerca da Alma Suprema e de Seu relacionamento com a alma individual, explica que toda forma de vida emana da vida suprema, ou Deus, conhecido em sânscrito como Krishna. Quando temos reverência por Deus, nós naturalmente temos reverência por toda forma de vida. Se amamos a Deus, nós naturalmente amamos todas as entidades vivas, que vêm dEle. O Senhor Krishna declara no Bhagavad-gita, mamaivamsho jiva-loke jiva-bhutah sanatanah: ‘Todas as entidades vivas são Minhas partes integrantes, e são eternas’”.

“O Bhagavad-gita também explica que uma pessoa erudita vê todas as entidades vivas com equanimidade – panditah sama-darshinah – porque vê a mesma alma dentro de diferentes variedades de corpos. Meu mestre espiritual, Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, costumava dizer: ‘Queremos irmandade, mas o que significa sermos irmãos?’. Somente quando reconhecemos Deus como o pai supremo nós podemos ter verdadeira irmandade. Sabendo que Deus é o pai supremo, podemos entender que, se lidarmos bem com os outros filhos de Deus, Deus ficará satisfeito. Todavia, se tentarmos explorar outros ou formos violentos com outros, como poderemos satisfazer o pai supremo? E se Deus não estiver satisfeito, como podemos esperar paz e prosperidade no mundo?”.

“Animais também são filhos de Deus, embora tenham inteligência menos desenvolvida. Eles lembram crianças humanas, que também não têm inteligência desenvolvida nem poder de fala nem capacidade de se defenderem. Em uma família, no entanto, o forte se destina a proteger o fraco. Um irmão mais velho e mais forte torturar ou massacrar um bebê é um crime terrível. Quão perturbado e irado o pai ficaria! Os animais devem ser tratados como nossos irmãos e irmãs mais novos, sendo protegidos, e não explorados ou abatidos a fim de que possamos comer sua carne”.

“Mediante a consciência de Krishna, mediante a compreensão de que Deus é o pai supremo de todas as entidades vivas, podemos de fato conseguir a irmandade e a unidade entre todos os seres vivos”.

“Ouvimos muitos discursos belíssimos neste dia. Senti-me iluminado ouvindo os nobres pensamentos expressos pelos estimados participantes. Ouvimos sobre a necessidade de amor, compaixão e reverência por toda forma de vida. Ouvimos sobre os horrores da crueldade e da violência perpetrados contra seres vivos menos afortunados. Contudo, somos confrontados pela realidade prática de que muitíssimos seres humanos não amam tanto quanto deveriam, tampouco têm tanta compaixão ou tanta reverência quanto deveriam. Então, como provocar o amor e os outros sentimentos mais refinados que estimamos? É preciso que haja um processo”.

“O Bhagavad-gita e outras escrituras do mundo nos aconselham que, para desenvolvermos amor por Deus, o que naturalmente inclui o amor por todas as entidades vivas, temos que adotar um processo espiritual. E o melhor processo recomendado para a era atual é o canto dos santos nomes de Deus. As escrituras védicas apresentam o seguinte conselho, harer nama harer nama harer namaiva kevalam/ kalau nasty eva nasty eva nasty eva gatir anyatha: ‘Devem-se cantar os santos nomes, cantar os santos nomes, cantar os santos nomes. Não há outra maneira, não há outra maneira, não há outra maneira para se alcançar o sucesso na era de Kali [a era atual]’”.

“O Alcorão também aconselha a entoação dos nomes de Deus. Por muitos anos, tive a oportunidade de ir ao Paquistão de sorte a ensinar a consciência de Krishna. Eu tive o prazer de conhecer alguns muçulmanos amigos nossos muito eruditos. Assim como os hindus têm o Vishu-sahasra-nama, ‘Os Mil Nomes de Vishnu’, os muçulmanos têm ‘Os Noventa e Nove Nomes de Deus’. O Alcorão (7.180) afirma: ‘Os mais belos nomes pertencem a Deus, portanto, chamai-O por Seus nomes’. E muçulmanos doutos compreendem que podem atingir a perfeição da vida mediante o canto do santo nome de Deus à hora da morte. Aprendi também com meus amigos muçulmanos como o vegetarianismo é parte dos ensinamentos do Alcorão, e vi um livro, de autoria de um médico muçulmano, chamado O Vegetarianismo e o Alcorão. Similarmente, a Bíblia prescreve que se deve louvar o nome de Deus com címbalos e tambores”.

“O cantar dos santos nomes do Senhor, por conseguinte, é um processo universal recomendado em todas as escrituras da era atual, e a menos que adotemos um meio prático para purificarmos o nosso coração do ódio e da ira e da violência, nossos arranjos não trarão de fato os resultados esperados. Então, faço este apelo a vocês damas e cavalheiros aqui presentes. Muitos de vocês são importantes líderes na sociedade. Mesmo aqueles entre nós que não são líderes grandessíssimos são líderes em sua sociedade, em sua comunidade, em sua família. Por favor, considerem a necessidade do canto dos santos nomes de Deus para purificarmos o coração do desejo pecaminoso de sermos violentos contra outras entidades vivas”.

“Por todo o mundo, temos a experiência prática dos efeitos do cantar dos nomes de Deus. A literatura védica explica que, nesta era, a era de Kali, o próprio Senhor, Sri Krishna, aparece como Sri Krishna Chaitanya. Quinhentos anos atrás, Chaitanya Mahaprabhu predisse como segue, prithivite ache yata nagaradi grama/ sarvatra prachara hoibe mora nama: ‘Em todas as vilas e cidades do mundo, Meu nome será cantado’”.

“O fundador e mestre espiritual da ISKCON, Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, foi instrumental no atinente a realizar o desejo e a predição do Senhor Chaitanya. E qual foi a consequência de se cantar pelo mundo inteiro? As pessoas viciadas em todo tipo de maus hábitos abandonaram suas atividades depravadas e estão seguindo os princípios reguladores: não comer carne, peixe e ovos, não se intoxicar, não se envolver com jogos de azar e não fazer sexo ilícito. Aqueles que, desde o colo de suas mães, comeram carne sem qualquer consideração de que comer carne é algo errado, tornaram-se vegetarianos, ou ‘Krishnarianos’, que comem apenas alimento santificado pela oferenda do mesmo ao Senhor. A potência do cantar dos nomes de Deus é muito grande. E acredito que nossa aspiração à reverência por toda forma de vida e ao fim da violência desnecessária pode ser bem-sucedida somente se as pessoas se ocupem em grande escala em cantar os santos nomes de Deus. Muito obrigado. Hare Krishna”.

Sri Bhari Malhotra disse com entusiasmo: “Por que não cantamos todos juntos?”.

Eu continuei: “Na verdade, estes nomes de Deus não são sectários. Não há questão de Deus hindu, Deus muçulmano ou Deus cristão. Existe apenas um Deus, que é o pai supremo de todos nós. E Ele não é nem hindu nem cristão nem muçulmano, mas sim o espírito supremo”.

“Agora, então, cantaremos Hare Krishna, após o que, se qualquer um de vocês quiser liderar o canto de qualquer outro nome de Deus, nós nos juntaremos a você com alegria”.

Conduzi a audiência no canto do mantra Hare Krishna, comigo cantando um trecho do mantra e eles respondendo em seguida – primeiro duas palavras por vez, então quatro, então oito e, finalmente, todas as dezesseis palavras. Por fim, quase todos na audiência – damas e cavaleiros respeitáveis de várias fés – estavam de pé batendo palmas e cantando: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.

Eu pensei: “Agora o sucesso da conferência foi assegurado. Os participantes cantaram os santos nomes de Krishna, a origem de toda forma de vida”.

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