Astrologia Comportamental Ayurvédica
Dr. José Ruguê Ribeiro Júnior
Quando nosso amigo Gunesvara Dasa me pediu que escrevesse algumas palavras a guisa de introdução do seu livro associando os conceitos de sua longa experiência com astrologia védica aos ensinamentos do ayurveda, eu me senti muito feliz. Principalmente porque o público de língua portuguesa poderia ter acesso aos benefícios que estes dois grandes ramos do Sanátana Dharma ou Sabedoria Perene nos concedem no conhecimento de nós mesmos, de nossas relações com a natureza, com as forças cósmicas e com o Supremo, dando-nos um claro sentimento de integração, de harmonia e de ordem cósmica, conceitos incluídos na palavra sânscrita “dharma”.
A vastíssima cultura védica inclui praticamente todos os campos do conhecimento e da vida e nos foi legada pelos Grandes Sábios que, através de suas experiências diretas com a Verdade, nos proporcionaram ciências eternas, aplicáveis em todas as partes do mundo, “de acordo com o tempo, o lugar e as circunstâncias”. Cada um dos quatro Vedas, Rig, Sama, Yajur e Atharva, possui quatro divisões que são os Brahmanas, os Aranyakas, os Upanishads e os Samhitas. Em seus versos, cantos e prosas de pura sabedoria, estão contidos temas chamados vedangas, ou partes dos Vedas, sendo, um deles o jyotish, a Ciência da Luz, conhecida como Astrologia Védica, tema principal deste livro que agora apresentamos. Os outros angas se referem às regras dos rituais e aos diversos aspectos do estudo do sânscrito como a gramática, a pronúncia, a etimologia e a métrica.
Também compõem os Vedas os chamados upavedas, ou ciências acessórias, entre elas o ayurveda, tema que, de forma brilhante, Gunesvara Dasa associa à astrologia para nos ajudar a entender melhor a maravilhosa arte da cura, da preservação da saúde e do rejuvenescimento, que é o ayurveda. Os outros upavedas incluem as artes marciais, a arquitetura — sthapatya ou vastu vidya — e a música, poesia e dança.
Ainda mais, é bem conhecido que os temas dos Vedas podem ser analisados pelos famosos seis pontos de vista — ou Sad Darshanas — sendo um deles o yoga, codificado pelo antigo Sábio conhecido como Hiranyagarbha, um dos reveladores do Rig Veda, o texto escrito mais antigo do mundo. Yoga é a síntese máxima, a unificação máxima dos vários aspectos do indivíduo e dele com o Todo.
Assim, yoga, ayurveda e jyotish são aspectos da mesma plenitude — Sampurnam — que é a herança eterna de toda a humanidade, zelosamente cultivada por milênios pelos Sábios, Yogis, Rishis, Siddhas e Mahatmas.
Para o ocidente, veio primeiro o yoga, através de alguns Mestres e Escolas de Sabedoria. O yoga veio como um sistema iniciático, na relação Guru-Sishya, Mestre-Discípulo, como é a tradição. Entre estas Escolas se encontra a grande tradição vaishnava, dentro da qual, como um dos precursores no Brasil, junto com outros jovens, se iniciou Gunesvara Dasa. Esta prática pessoal, o constante estudo e o cultivo do coração através da devoção a Krishna permitiram que Gunesvara Dasa pudesse entender a astrologia védica em seu justo contexto. E mais, como minha prática diuturna do ayurveda me traz desafios diagnósticos e terapêuticos, eu oriento os pacientes a fazerem seus mapas astrológicos védicos com Gunesvara e outros confiáveis e sérios astrólogos no Brasil e na Índia, além de nosso querido amigo e provavelmente o ocidental mais reconhecido como um vedacharya, Vamadeva Shastri — David Frawley.
Gunesvara consegue colocar com clareza mas, ao mesmo tempo, com o grande e compassivo coração kapha que ele tem, a interpretação mais adequada para ajudar as pessoas a se conhecerem e orientarem suas vidas. Como diz Vamadeva, o mapa astrológico védico de uma pessoa é seu documento mais importante porque contém o plano de vida, os talentos a serem expressos e os obstáculos a serem transpostos e fornece ferramentas para ajudá-la a realizar os objetivos fundamentais da vida, que são a felicidade, a prosperidade, a realização dos talentos e a iluminação espiritual.
Com o acervo de conhecimentos de ayurveda que Gunesvara foi adquirindo ele foi realizando os múltiplos benefícios da compreensão do yoga, do ayurveda e do jyotish como uma Ciência única, tal como originalmente são. Ele ainda acrescenta as correlações que pesquisou do uso de florais, aumentando o acervo dos métodos tradicionais da Astrologia que são o uso das pedras preciosas, dos mantras, dos rituais védicos, peregrinações e outros.
Com tudo isso, sem nenhuma dúvida, este livro será de grande ajuda para todos os estudantes e praticantes desejosos de aprofundarem seus conhecimentos do Sanátana Dharma. Que os Grandes Sábios, sempre vigilantes da evolução de todos os seres, iluminem nossas consciências para que o jyoti, a Luz Divina, possa brilhar em nós, difundindo paz, harmonia, saúde e felicidade em nosso meio.
Namastê
.
Se gostou deste material, talvez também goste deste: Os Astros e Nós.
Eu tenho o livro e gostei muito da correlação entre os elementos e o chatur-purushartha: fogo para dharma, terra para artha, ar para kama e água para moksa. Para mim é o melhor no livro. O que tem de mais original. Outras coisas me impressionaram no livro, como – mais uma vez uma correlação – desta vez dos planetas com avatars de Visnu. À medida que tudo se encaixa, vou me convencendo que o conhecimento transcendental é mesmo transcendental, pois não é possível tamanha perfeição se os Vedas e seus corolários fossem obras isoladas compostas por pessoas imperfeitas. Fico feliz em saber que uma autoridade do tamanho de Ruguê também tenha encontrado o prazer que encontrei nesse livro, mostrando-me que não é um prazer sentimental.
21 de setembro de 2012 às 5:55 PM
Encontrei o livro numa banca de roupas indianas, pois a a dona era Hare Krishna. O livro é muito interessante e prendeu a minha atenção até o fim. A linguagem é clara e de fácil entendimento. Parabéns pelo livro elucidativo!
2 de setembro de 2014 às 5:13 PM