Madhava É a Voz de uma Nova Geração?
Vyenkata Bhatta Dasa
Vendo um grande tufo de cabelo dreadlock brotando do meio de sua cabeça raspada, um cavanhaque modelado e vários piercings e tatuagens, você espera que Madhava Dasa seja mais um roqueiro do que um cantor Hare Krsna. Até, é claro, que ele feche seus olhos, abra sua boca e comece a cantar. Antes que ele termine até mesmo um mantra completo, bem, ele te arrebata. E uma vez que você esteja repetindo o refrão, você é dele – até os ossos. Se você tinha algum plano para as próximas horas, cancele-os e tenha seu encontro com os santos nomes de Krsna.
Bem-vindo a um kirtana ao estilo Madhava.
Natural de Mauritius, Madhava – nascido Joy Naidoo – mudou-se para Vrndavana aos 18 anos. Lá, passou todos os dias dos próximos sete anos participando de kirtanas com o Krsna Balarama 24 Hour Kirtan Mandali, sob a direção do lendário cantor Hare Krsna Aindra Dasa. Hoje, casado e vivendo na Suíça, Madhava lidera um grupo eclético de devotos musicistas chamado Gaura Prema Bhajan Band. Seu programa Mantra Dance, uma experiência de kirtana multimídia, é realizado no templo da ISKCON aos domingos e em outros locais mediante agendamento.
Foto: Sua Graça Aindra Dasa (1953-2010)
Considerando que ele é muito conhecido pela longa duração de seus bhajans – ele canta uma mesma melodia por horas – e considerando que sua voz é frequentemente comparada à seda, a popularidade de Madhava não surpreende. O que é notável, entretanto, é a velocidade e a força com que sua fama se dissemina.
Atualmente, se você der consigo em uma conversa sobre kirtana, espere que o nome de Madhava apareça mais de uma vez. Inspecione o aparelho MP3 de seu amigo aficionado por kirtana e há grande chance de que você se deparará com algumas faixas de Madhava em seu playlist. Mesmo Jayadvaita Swami, possivelmente a pessoa mais crítica aos vocais de kirtana da ISKCON, tem este jovem cantor em alta estima. Com efeito, o Swami toca vídeos musicais de Madhava de modo a ilustrar um kirtana feito corretamente em seu seminário “Reforma do Kirtana” – um grande endossamento, haja vista que o seminário oferece muito mais proibições do que direções positivas.
É claro, os entendidos do assunto já são fãs de Madhava há anos. Alguns dos maiores líderes da ISKCON (Sivarama Swami, Niranjana Swami, Radhanatha Swami, para citar apenas alguns) chamam-no para liderar o cantar em festivais que eles organizam. Contudo, o mais provável é que tenha sido seu canto durante a instalação em 2004 das imensas Deidades do Pancha Tattva em Mayapur o ponto crucial em que o nome de Madhava passou a ser um nome familiar na ISKCON.
Foto: Instalação do Pancha Tattva, Mayapur, Índia
Hoje, Madhava encontra-se entre um punhado de rapazes e moças – alguns dos quais aprenderam seus primeiros toques de mridanga antes de comerem alimentos sólidos – cada vez mais reconhecidos como os líderes espirituais de um renascimento do kirtana na ISKCON. É um raciocínio convincente. Combine uma formação Hare Krsna com a paixão e inovação da juventude e você tem a receita para criar uma história musical.
Contudo, os mais céticos entre nós estão adotando uma postura “aguardar para conferir”, temerosos que, por trás das habilidades técnicas e promoção empolgante, esses kirtaniyas careçam de maturidade espiritual e prática regulada da consciência de Krsna. Com efeito, em alguns círculos mais conservadores, a percepção que persiste sobre a nova escola de kirtana é que seus líderes são mais astros de rock do que espiritualistas; fortes em diversão e fracos em princípios.
A crescente popularidade de Madhava entre os devotos em geral indica que a ISKCON finalmente está pronta para aposentar esse esteriótipo? Talvez. Se você conseguir passar pelos dreadlocks e tatuagens, é difícil negar que seu canto transmite uma magia que vem unicamente com sinceridade, prática espiritual séria e – ousaríamos dizer – humildade. Talvez seja cedo para afirmar, mas se é verdadeiro o ditado de que se conhece os méritos de uma árvore por seus frutos; nos kirtanas de Madhava, a nova geração talvez encontre sua melhor resposta para seus críticos mais severos.
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Talvez seja a isso que Acharyadeva se referia quando falou da necessidade de “autocrítica inteligente” na ISKCON. Corajoso esse devoto que escreveu. Espero que não seja mal interpretado.
3 de setembro de 2012 às 12:01 PM
A critica é boa para deixar em alerta os cantores do Movimento que gostam de mostrar o corpo malhado, possivelmente despertando mais luxúria do que bhakti nas mulheres, mas também tem o efeito colateral de poder colocar os outros músicos contra o Madhava. Isto é ruim, naturalmente. Espero que tenha apenas o efeito de pressionar todos os artistas da Iskcon com nossa expectativa de que sejam puros, mas não reajam no modo da ignorância se sentindo ofendidos ou enciumados. Quem veste a carapuça?
4 de setembro de 2012 às 9:07 AM
O que se deve realmente ter cuidado é neste aspecto:
” os mais céticos entre nós estão adotando uma postura “aguardar para conferir”, temerosos que, por trás das habilidades técnicas e promoção empolgante, esses kirtaniyas careçam de maturidade espiritual e prática regulada da consciência de Krsna. Com efeito, em alguns círculos mais conservadores, a percepção que persiste sobre a nova escola de kirtana é que seus líderes são mais astros de rock do que espiritualistas; fortes em diversão e fracos em princípios.”
Não devemos julgar, é verdade, porém a devoção é Muito mais importante que o espetáculo. Krishna com certeza deve ficar feliz com os Kirtans bem elaborados, porém ele fica ainda mais feliz sendo o devoto aplicado!
4 de setembro de 2012 às 12:43 PM
hare krysna hare krysna krysna krysna hare hare hare rama hare rama rama rama hare hare, chant and be happy.
22 de setembro de 2012 às 9:35 AM