Os Astros e Nós
Volta ao Supremo: O que é astrologia e de onde surgiu? O que é, especificamente, astrologia comportamental ayurvédica?
Gunesvara Dasa: Astrologia significa o estudo (logos) dos corpos planetários (astros). Os planetas influenciam diversos aspectos pessoais do ser humano, incluindo os psicológicos e fisiológicos. Eles também revelam como será a vida da pessoa em diferentes áreas (matrimônio, filhos, profissão etc.) em diversos períodos. Ela teve sua origem em tempos muito antigos e foi descrita por sábios védicos que desejaram o bem-estar das pessoas. No Ocidente, o médico Hipócrates e o filósofo Aristóteles dedicaram muito tempo de suas vidas a analisar a relação dos planetas com a mente e saúde do ser humano. A astrologia comportamental ayurvédica analisa os estados emocionais, psicológicos e físicos de uma pessoa à luz da situação dos planetas no momento do nascimento dela.
Volta ao Supremo: Quando o senhor começou a se interessar pelo assunto?
Gunesvara Dasa: Meu interesse pela astrologia começou em 1988, mas a relação entre astrologia e saúde passei a perceber por volta do ano de 2009, quando comecei a trabalhar como astrólogo do Dr. Ruguê, um destacado médico que se especializou em ayurveda.
Foto: Dr. José Ruguê.
Volta ao Supremo: De onde surgiu a inspiração para escrever o livro?
Gunesvara Dasa: Quando comecei a analisar os mapas dos pacientes do Dr. Ruguê, percebi que certos estados de desequilíbrio na saúde deles se relacionava com o mesmo planeta. Por exemplo, tensões musculares, herpes, aftas e azias se manifestavam nas pessoas que tinham Marte debilitado no mapa; problemas nas articulações, ossos, dentes, coluna e cervicais, assim como constipação, apareciam nas pessoas que tinham Saturno debilitado; e problemas menstruais nas mulheres que tinham a Lua e Vênus debilitados. Ao perceber que a percentagem de “coincidências” era bem grande (não menos que 70%), entendi que devia compartilhar isso com as pessoas na forma de um livro.
Volta ao Supremo: Quem é a personalidade retratada na capa da obra?
Gunesvara Dasa: A personalidade retratada na capa da obra é Dhanvantari Bhagavan, uma encarnação do Senhor Vishnu que adveio para trazer o conhecimento da medicina ayurvédica para o benefício das pessoas.
Foto: Capa da obra Astrologia Comportamental Ayurvédica.
Volta ao Supremo: A obra do senhor é dividida em nove capítulos. Do que trata cada um deles?
Gunesvara Dasa: O primeiro trata da relação dos elementos do Cosmos tanto com o ayurveda quanto com a astrologia, o que faz a união entre as duas ciências. O segundo mostra como identificar estados temperamentais ayurvédicos através das configurações planetárias. O terceiro define a relação entre os 7 tecidos descritos na medicina ayurvédica com os 7 planetas principais da astrologia védica. No quarto, encontramos como reconhecer se um planeta está forte ou fraco. No quinto, fiz questão de citar dezenas de datas de nascimento correspondentes a mapas por mim analisados onde um planeta debilitado coincidia com o mesmo tipo de desequilíbrio na saúde das pessoas. No sexto, comentei como cada planeta tem um período de influencia maior na vida das pessoas e como, se o planeta estiver afetado no mapa, desequilibraria a saúde ou as emoções do indivíduo. No sétimo e oitavo capítulos, menciono remédios para equilibrar as influencias negativas dos planetas. E, no nono capítulo, comento como nos ensinamentos originais de astrologia védica, se enfatiza a adoração a Vishnu e Seus Avataras como o método mais efetivo para amenizar as influências negativas de um planeta afetado.
Volta ao Supremo: Em seu significado ao Srimad-Bhagavatam 3.21.15, Srila Prabhupada diz que a causa de existirem casamentos seguidos de imediato divórcio é a não feitura do horóscopo do casal. E, em Srimad-Bhagavatam 10.8.5, diz que “é dever do pai compreender a posição astrológica de seus filhos e fazer o que é necessário para a felicidade dos mesmos”. O senhor tem experiência orientando astrologicamente casais e pais em relação a seus filhos? Quais são os resultados?
Foto: A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, mestre espiritual de Gunesvara Dasa
e acarya-fundador da ISKCON (Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna)
Gunesvara Dasa: Sim, a não feitura do mapa astral dos noivos indica que eles terão que enfrentar “surpresas e desafios” no futuro, quando estiverem vivendo como marido e mulher. O calor do romance e seus atrativos não é suficiente para neutralizar as forças desafiadoras que afetam a mente e as emoções de cada cônjuge dependendo do mapa natal deles. No mapa natal, se percebe a natureza de cada pessoa, seus valores, sua abordagem para com a vida, para com as pessoas. Ao fazer o mapa de casais, tenho mostrado como essas tendências individuais estavam registradas no momento do nascimento e, portanto, é muito difícil suplantá-las (transcendê-las). Então, mostro como lidar com elas, como aceitá-las. Porém, o ideal é fazer o mapa antes do casamento para que cada um dos noivos conheça bem a natureza do parceiro.
Em relação com pais, tenho tido ótimos resultados, e eles ficaram muito satisfeitos. Assim como acontece com o casal, os pais precisam conhecer as forças que impulsionam seus filhos a serem como são e a dificuldade de mudar essas forças. Carl Jung, o psicólogo suíço, afirmou que “todo estado de personalidade encontra uma configuração astrológica análoga”. Por exemplo, uma criança que nasce com Netuno em mau aspecto com Mercúrio, a Lua na casa 12 ou em Peixes, terá uma mente muito dispersa. Tenho analisado muitos mapas desses, nos quais as pessoas apresentam DDA (distúrbio de atenção). Os pais precisam entender que essa criança poderá ter problemas na escola devido a uma mente muito dispersa, e, portanto, seria artificial e inapropriado castigar a criança por não tirar boas notas. Na realidade, não apenas os pais, mas também os professores deveriam conhecer os mapas de seus alunos. Alguma criança pode ter configurações astrológicas que levam à depressão, outras, à hiperatividade. Algumas crianças poderão ter uma casa 4, casa dos pais e da família, muito afetada. Como podem elas ser iguais a outras que crescem num lar harmonioso? Não podem. Algumas crianças têm excesso de fogo no mapa, e se manifesta como impulsividade, impaciência e até agressividade, já outras não conseguem assentar ou fixar-se devido ao excesso de ar no mapa. Definitivamente, e antes de julgar e tentar corrigir, é dever dos pais entender a situação astrológica dos filhos. Faço muitos mapas de crianças e sempre tenho obtido a gratidão e o carinho dos pais devido à chance que dou a eles de entenderem seus filhos à luz do plano do universo.
Volta ao Supremo: Quais outros fins atende a feitura de mapas astrológicos? Qual sua experiência com estes?
Gunesvara Dasa: A astrologia permite o indivíduo se preparar para momentos de mudanças difíceis. Permite escolher momentos auspiciosos para realizar uma boda de forma tal que depois o casal tenha menos problemas no relacionamento. Permite também escolher datas propícias para comprar e vender propriedades ou para realizar viagens. A astrologia védica sugere o uso de pedras e mantras, assim como florais e ervas, para amenizar períodos desfavoráveis. Em meus 24 anos como astrólogo védico, tenho tido experiência satisfatória com estes métodos.
Foto: Topázio, pedra cujos raios vibratórios podem amenizar raios negativos do planeta Saturno.
Volta ao Supremo: Algumas pessoas são resistentes à feitura de mapas astrológicos por temerem que o mapa acuse algo desagradável em seu destino, como doença, morte precoce, incompatibilidade conjugal ou algo similar. Como lidar com isso?
Gunesvara Dasa: Caso uma pessoa tema lidar com essas informações, ela não precisa fazer o seu mapa. Não é conveniente. Existem pessoas com diversos valores e convicções. Algumas acham astrologia muito atrativa, outras a questionam e rejeitam. Mesmo entre os cientistas, Newton adorava astrologia, enquanto Halley, quem descobriu o cometa, achava que era uma tolice. Assim, somente quem gosta e acredita deve fazer seu mapa.
Volta ao Supremo: O astrólogo possui uma ética profissional particular? Quais são suas características? O astrólogo pode, por exemplo, atender à solicitação de um mapa astrológico de uma pessoa que não é o solicitante? O astrólogo pode omitir algo que aparece no mapa de uma pessoa caso julgue apropriado?
Gunesvara Dasa: Sim, o astrólogo possui ética profissional. Não deve comentar o mapa de uma pessoa para outras. Também não deve fazer o mapa de uma pessoa que não o solicita, com exceção dos pais, que sempre podem querer entender a situação astrológica dos filhos. Porém, quando se trata de adultos, somente com a permissão deles, e isso se aplica a um casal também. O homem não pode pedir o mapa da mulher sem a permissão dela e vice-versa. Em relação a omitir algo no mapa, o astrólogo deve ser humilde e entender que não sabe com certeza o que vai acontecer na vida de uma pessoa. Ele pode ter lido livros que ensinam como fazer previsões, ou ter acertado várias no passado, mas, ainda assim, o destino é algo que as pessoas podem mudar. Então, ele deve ser cuidadoso antes de fazer uma afirmação “contundente”. Assim como um psicólogo, ele deve saber lidar com a pessoa de forma tal que, ao sair da consulta, mesmo tendo ouvido sobre os desafios que o mapa revela na vida dela, a mente dela não esteja agitada ou afetada. Deve sair da consulta feliz pelo conhecimento obtido. Como dizem acadêmicos na área: “Apenas passar a informação do que está no mapa é um ato de violência que se realiza ao consulente”. Tem que saber como conversar com as pessoas.
Volta ao Supremo: O senhor já fez ou faz mapas de pessoas conhecidas? Compartilharia conosco o que encontrou em algum desses mapas?
Gunesvara Dasa: Vi o mapa de vários líderes espirituais tanto de nosso movimento ISKCON como de outras instituições. Todos eles têm uma forte presença da estrela jyestha, estrela que fica no final do signo de Escorpião. Segundo os Vedas, esta é a estrela da “senioridade”, o que mostra uma personalidade que obtém o respeito dos outros. Júpiter é o planeta que aparece forte nos líderes religiosos, assim como o signo de Sagitário. Fiz mapas de juízes e também este planeta aparece forte. E Saturno aparece forte nos mapas das pessoas que têm posições importantes em empresas ou instituições. Netuno aparece forte nos mapas dos místicos, iogues e terapeutas famosos.
Volta ao Supremo: Qual sua maior realização na atuação de astrólogo?
Gunesvara Dasa: Obter a apreciação, carinho e bênçãos das pessoas que gostam das orientações que dou a elas. E, graças a Deus, são muitas. Me faz sentir útil à sociedade, interagir com as pessoas de uma forma profunda. A prática da vida monástica na consciência de Krishna preparou-me, assim como nas escolas gurukula da antiga Índia, a desenvolver compaixão e empatia. Embora não possa aconselhar às pessoas que pedem os mapas a adotar o vaishnavismo, principalmente porque elas têm sua própria fé religiosa e entendo que não posso aproveitar do meu contato com elas para fazer com que mudem, tenho visto que elas passam a apreciar mais os vaishnavas quando lhes ajudamos a trilhar seus caminhos na vida condicionada. Como Srila Prabhupada afirmou mais do que uma vez em suas palestras e livros: “Todo brahmana no passado era astrólogo e terapeuta ayurvédico”! Então, fazer o meu dharma me outorga realizações.
Aqueles interessados em fazer uma consulta astrológica com Gunesvara Dasa podem contatá-lo pelo e-mail gunesvara@hotmail.com ou pelos telefones (012) 8228-8544 e (12) 3522-5089. Seu livro encontra-se disponível para compra pelo site www.sankirtana.com.br. Leia também a crítica do Dr. José Ruguê à obra Astrologia Comportamental Ayurvédica (clique aqui).
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