A Reencarnação de Sri Raghava Dasa Brahmachari (1954-1973)
Ratnavali Dasi
Uma jovem hindu se descobre a reencarnação de um discípulo de Srila Prabhupada, morto em um acidente automotivo no começo da década de 1970. Uma história fascinante e rica em ensinamentos.
“Em relação ao acidente automotivo, apenas organize um encontro de condolência para Raghava Dasa Brahmachari e ore que Krishna dê à sua alma uma boa chance de avanço em consciência de Krishna. Certamente Krishna lhe dará um bom lugar para nascer, onde ele possa novamente começar em atividades conscientes de Krishna. Isto é certo”. – Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada em carta a Revatinandana Dasa, 14 de novembro de 1973
Introdução
Tenho lembranças de minha vida passada como um brahmachari chamado Raghava Dasa. Isso se fez conhecer através de uma sequência de sonhos que, posteriormente, foram descobertos como sendo eventos reais na vida e morte de Raghava, como confirmado por aqueles que o conheciam. Seus ferimentos pós-morte e minhas marcas de nascença, cicatrizes e doenças todos se correlacionam.
Meu Diário de Revelações
Sou de descendência hindu e nasci em 9 de agosto de 1975 em Londres. Meus pais tinham um pequeno santuário em nossa casa, com muitas fotos de semideuses e do Senhor Sri Krishna. Um dia, abri uma gaveta e lá estava um livro escrito por Srila Prabhupada. Não consigo me lembrar do título, mas, quando olhei na parte de trás, chamou-me a atenção a imagem de Srila Prabhupada ali impressa. Lembro que, quando olhei para ele, seus olhos eram muito profundos. Senti como se ele estivesse me chamando para voltar ao lar, voltar ao lar…
Outubro de 1991: Fui brutalmente atacada no campo de minha escola por um homem drogado que havia invadido o local. Ele continuamente bateu em minha cabeça com uma estaca de cerca com pregos. Usei minhas mãos para proteger minha cabeça. Enquanto ele continuava golpeando-me, a dor era inacreditável. Muito embora ele estivesse atacando a minha cabeça e minhas mãos, repentinamente compreendi que ele não podia acertar o verdadeiro eu, que era algo dentro do meu corpo. Gritei por socorro, mas não havia ninguém próximo. Então, orei intensamente: “Por favor, Deus, ajude-me! Por favor, Deus, ajude-me!”. Uma voz interior começou a guiar-me dizendo: “Finja que você está morta”, então fingi estar morta e ele parou de me golpear. Então, a voz disse: “Abra seus olhos agora. Ele se foi”. Eu estava com medo porque, se ele ainda estivesse ali, eu seria morta.
Abrindo meus olhos lentamente, fiquei aliviada ao ver que ele não mais estava ali. A voz, então, guiou-me: “Agora, levante-se e vá”. Eu estava exausta devido ao espancamento e não queria me levantar. Então, a voz mencionou: “E se ele voltar? Esta é a hora de você escapar”. Imediatamente, coloquei-me de pé e vi que minhas mãos e minha cabeça estavam cobertas de sangue. Após esse horrível incidente, precisei de certo tempo para me recuperar emocional e fisicamente, mas senti como se eu devesse a minha vida a essa voz que me havia salvado.
Sri Sri Radha-Londonisvara.
1992: Encontrei-me com devotos distribuidores de livros na área onde eu vivia e eles tinham muitos livros escritos por Srila Prabhupada. Aproximei-me deles e comprei alguns para ler. Quanto mais eu os lia, mais próxima eu podia me sentir daquela voz que me havia protegido. O principal livro que respondeu todas as minhas perguntas foi O Bhagavad-gita Como Ele É, que explicava sobre a ciência da alma e que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus. Agora, eu estava convencida de que a voz era Krishna, que me havia protegido como a Superalma. Eu estava procurando por Krishna. O distribuidor de livro mencionou que havia um templo em Londres com as Deidades de Radha-Krishna. Eu imediatamente senti um forte desejo de vê-lOs. Por fim, quando pude estar diante das belas formas de Sri Radha-Londonisvara, fiquei muito emotiva. Lágrimas caíam de meus olhos à medida que eu ficava inteiramente convencida de que Eles haviam me salvado. Então, e naquele lugar, decidi que eu queria dedicar minha vida a Eles.
Casamento e Sankirtana com Tribhuvanath
Outubro de 1997: Casei-me com Krishna Vidhi Dasa e, dois anos depois, recebi iniciação de Sua Santidade Bhakti-charu Swami e tornei-me Ratnavali Dasi.
Junho de 2000: Eu era muito inspirada pelo hari-nama sankirtana de Tribhuvanath Prabhu, especialmente sábado à noite, em Londres. Eu podia tocar um ritmo no tambor africano que se conectava com seu toque no mridanga muito bem. Lembro que, quando toquei pela primeira vez no hari-nama de sábado à noite, ele solicitou que eu ficasse perto dele, na frente. Eu fiquei muito envergonhada e não fui para a frente, então um devoto empurrou-me e lá estava eu com Tribhuvanath Prabhu. Senti-me muito desconfortável por estar em um corpo feminino próximo a um brahmachari, mas ele agiu com muita naturalidade e me encorajou. Ele preferia que todos os instrumentistas ficassem juntos. Quando todos os homens rodearam-no tocando em ritmo acelerado, eu também estava no círculo.
Tribhuvanath com Padmapani Dasa.
Fiquei envergonhada e caminhei para longe uma vez que pensei que aquilo poderia parecer incasto, mas Tribhuvanath Prabhu parou o hari-nama e ficou um pouco irritado. Ele apontou para mim e pediu-me que voltasse ao círculo. Baixei minha cabeça e caminhei de volta ao círculo e continuamos o hari-nama. A partir desse dia, ele ensinou-me como cantar Hare Krishna no hari-nama sankirtana sem estar apegada à concepção corpórea de vida. Senti muito intensamente que ele me tratava como um brahmachari. Juntei-me à sua equipe de festival, viajando e tocando meu tambor africano.
Vislumbres de Minha Vida Passada
Festival de Ratha-yatra de 1973, do qual Raghava participou.
Agosto de 2000: Comentei com Krishna Kshetra Prabhu (o mestre espiritual de meu esposo) no Ratha-yatra que eu havia estado na Praça Trafalgar durante o Ratha-yatra de 1973. Ele respondeu: “Verdade? Eu também estava”. Posteriormente, perguntei-me por que eu havia dito aquilo, pois eu nasci em agosto de 1975.
Outubro de 2000: Tribhuvanath Prabhu organizou kirtanas 24 horas a fim de arrecadar doações para seus festivais na África Oriental. Eu queria tocar tambor com ele por 24 horas. Quando lhe mencionei isso, ele respondeu: “Você morrerá”. Eu respondi: “Melhor morrer em kirtana do que em um acidente”. Posteriormente, fiquei a perguntar-me por que eu havia dito algo tão estranho.
Simplesmente Cantar Hare Krishna
JULHO, 2001: Tive um sonho que revelava muitos obstáculos. À medida que os hari-namas aumentavam, os obstáculos diminuíam. Por fim, abri uma porta e lá estava Srila Prabhupada sentado diante de uma mesa. Comecei a chorar em seu colo. Ele olhou compassivamente para mim e disse: “Venha. Muitas pessoas querem falar sobre você, mas não lhe resta nada a fazer senão simplesmente cantar Hare Krishna”. O sonho, então, acabou.
SETEMBRO, 2001: Comentei com meu mestre espiritual que um brahmachari não estava me tratando apropriadamente, e que era difícil trabalhar com ele porque eu me sentia desconfortável. Ele respondeu que era minha reação cármica. Fiquei surpresa com a resposta que ouvi. Então narrei em espírito brincalhão como meu esposo comentara que havia me visto como um brahmachari em uma regressão que fizera. Meu mestre espiritual respondeu de maneira muito séria que não havia dúvida de que eu havia sido um brahmachari em minha vida passada, realizando hari-namas no passado, no presente e no futuro. Nesse momento, fiquei realmente embasbacada.
Desaparecimento de Tribhuvanath Prabhu
OUTUBRO, 2001: Quando Tribhuvanath Prabhu foi diagnosticado com câncer de estômago, comecei a fazer hari-nama sankirtana diariamente, orando pelo seu bem-estar. Tocado pelo gesto, Tribhuvanath Prabhu disse que me ajudaria com os hari-namas quando melhorasse e me instruiu a me apegar ao sankirtana-yajna e aos santos nomes. Infelizmente, ele deixou este mundo, então continuei com hari-namas vendo isso como uma conexão eterna com Tribhuvanath Prabhu, que era muito gentil, amável e podia se relacionar com diferentes indivíduos em todos os níveis.
Estou aqui
OUTUBRO, 2001: Tive um sonho no qual eu estava indo para a Escócia. Em uma cena, eu estava em uma ala hospitalar. Na seguinte, eu estava procurando por minha casa, mas ela havia se tornado um pub com distintas escadas negras em espiral e uma ala na entrada, e, na terceira cena, eu estava cantando japa no parque, o qual eu podia ver de todos os ângulos. Duas semanas mais tarde, tive um sonho no qual eu estava cantando japa no mesmo parque.
OUTUBRO, 2001: Vi Krishnadas* Prabhu pela primeira vez no programa memorial de Tribhuvanath Prabhu e estava sentindo como se eu já o houvesse visto antes. Ele mencionou em um discurso que alguém havia partido por circunstâncias imprevistas. Imediatamente, algo dentro de mim respondeu: “Não, não é verdade, estou aqui”, e fiquei emotiva. Posteriormente, fiquei a me perguntar por que eu me sentira daquele jeito se eu não o conhecia.
*Nome fictício.
Buscando por Raghava Prabhu
NOVEMBRO, 2001: Rama Nrsingha Prabhu e eu perguntamos a cinco diferentes discípulos de Srila Prabhupada se eles conheciam brahmacharis que haviam morrido antes de 1974, que amavam hari-nama, que haviam tido conexão com Sri Sri Radha-Londonisvara e Tribhuvanath Prabhu. Isto foi o que descobri sobre Raghava:
Raghava Dasa Brahmachari.
SRIMAN RAGHAVA DAS BRAHMACHARI (1954-1973): David Hoey nasceu em 14 de maio de 1958 em Glasgow. Ele foi filho único e viveu com sua mãe e seu pai. Por volta dos 13 anos de idade, encontrou seu pai pendurado por uma corda, morto por suicídio. David começou a questionar a vida e, com a idade de 17 anos, juntou-se ao templo da ISKCON de Edinburgh. David foi inspirado por Tribhuvanath Prabhu a realizar hari-namas. Quando Tribhuvanath Prabhu e David encontravam-se na sala do templo, eles pulavam alto, praticamente todos os dias, por alguns minutos cantando Hare Krishna, batendo palma e às vezes tocando karatalas feito loucos. David também visitou muitas vezes o templo de Bury Place, em Londres, onde Sri Sri Radha-Londonisvara residem. Ele também havia ido ver Radha-Gokulananda no Bhaktivedanta Manor. David foi iniciado por Srila Prabhupada em 19 de outubro de 1973 e recebeu o nome de Raghava Dasa Brahmachari. Ele ofereceu suas economias de 200 libras a Srila Prabhupada como guru-dakshina.
Tragicamente, seu entusiástico serviço foi interrompido por sua repentina morte, no dia seguinte, em um acidente de van no caminho de Edinburgh a Newcastle. Krishnadas Prabhu dormiu ao volante, a van bateu e Raghava abandonou seu corpo. Tribhuvanath Prabhu chorava quando comentava com outros sobre a partida de Raghava. Raghava perdeu seu yajna de iniciação que seria conduzido por Revatinandana Swami no dia seguinte em nome do mestre espiritual. Srila Prabhupada enviou uma carta a Revatinandana Swami como segue:
“Em relação ao acidente automotivo, apenas organize um encontro de condolência para Raghava Dasa Brahmachari e ore que Krishna dê à sua alma uma boa chance de avanço em consciência de Krishna. Certamente Krishna lhe dará um bom lugar para nascer, onde ele possa novamente começar em atividades conscientes de Krishna. Isso é certo. Mas oferecemos nossas condolências a uma alma que parte, separação de um vaishnava. Você sabe que tem que ter distribuição de prasada? Três dias depois do falecimento de um vaishnava, uma cerimônia deve ser realizada para oferecer à alma que partiu e a todos os outros prasada. Esse é o sistema”. – Srila Prabhupada em carta a Revatinandana Dasa, 14 de novembro de 1973
Regressões à Vida Passada
NOVEMBRO, 2001: Eu havia aceitado Sua Santidade Tamal Krishna Gosvami como meu siksha-guru, dado que ele era muito gentil e me inspirava muito, especialmente em hari-namas e no tocar do tambor africano. Decidi falar ao meu Guru Maharaja e a Tamal Krishna Gosvami sobre minhas estranhas experiências. Ambos me aconselharam a fazer regressão, e me sujeitei a duas seções. Ambas as regressões mostraram que eu era um jovem brahmachari fazendo hari-namas com Tribhuvanath Prabhu. Houve algumas cenas de Srila Prabhupada que me deixaram muito emocionada. Após ambas as regressões, nas manhãs seguintes, coincidentemente eu tive exatamente os mesmos sonhos recorrentes de que um homem de cabelos longos dormia ao volante e que eu estava na parte de trás do veículo e o veículo batia.
Raghava, Raghava, Raghava!
JANEIRO, 2002: Sonhei que Krishnadas Prabhu estava exclamando: “Raghava, Raghava, Raghava!”. Após algumas semanas, tive também outro sonho no qual eu estava tentando lhe falar que eu era seu velho amigo Raghava, mas ele não podia me ver.
Tive muitos pesadelos de acidentes de carro que pareciam ser contínuos e horrendos. Também tive alguns sonhos em Edinburgh, como em que eu estava subindo as escadas do templo de Edinburgh para uma aula do Srimad-Bhagavatam.
Meu esposo e eu nos encontramos com Krishnadas Prabhu a fim de explicar o que estava acontecendo, e eu estava muito nervosa, pois eu sabia que ninguém o abordava para falar sobre Raghava, dado que é um assunto que desperta muitos sentimentos. Quando me sentei em seu carro, ele começou a dirigir, e a porta continuava abrindo do meu lado. Eu tentei bater a porta várias vezes, e, ainda assim, ela continuava abrindo do meu lado. Eu, então, exclamei que a porta não fechava. Krishnadas Prabhu imediatamente parou o carro, bateu a porta pelo lado de fora e disse de uma maneira muito confiante: “Não se preocupe, você está segura comigo”. Foi uma maneira irônica, estranha e humorada de nos encontrarmos. Quando chegamos à sua casa, mencionei minhas revelações, e ele foi muito gentil e receptivo. Ele quis que eu o mantivesse informado, porque ficou bastante curioso.
Meu esposo e eu visitamos a área onde o templo da ISKCON Edinburgh costumava ficar, na rua Forrest, 14, com a ajuda de um mapa. Como eu tinha problemas contínuos em meu estômago, fui a um hospital próximo para emplastarem-no. Retornando, notei uma praça por perto. Fiquei chocada ao ver que era a mesma praça dos meus sonhos. Eu não queria partir, pois sentia que já havia estado ali antes. Olhei para ela de vários ângulos e compreendi que era o que aconteceu no sonho. Então, fui encontrar a localização do antigo templo de Edinburgh, que, para o meu espanto, havia se tornado um pub. Quando entrei, tinha as mesmas escadas negras em espiral e uma passagem estreita na entrada. Corri para fora uma vez que precisava de tempo para digerir aquilo tudo. Senti como se ali fosse a minha casa, e eu havia estado ali antes. Raghava morara no templo de Edinburgh e adorava cantar sua japa no mesmo parque próximo, que se chamava The Meadows. Fiquei pasma em ver de verdade tudo o que eu havia visto em meu sonho no mês de outubro de 2001.
Esse Estado Alcançarás
ABRIL, 2002: Conversei com meu Guru Maharaja atualizando-o de minhas revelações. Eu lhe perguntei se isso era uma invenção de minha mente ou uma revelação do alto. Ele respondeu que era uma revelação do alto. Isso foi de difícil aceitação porque, muito embora eu soubesse em teoria que não somos o corpo, mas a alma; ainda assim, precisei de tempo para aceitar de fato. Meu Guru Maharaja me apoiou muito e foi muito atencioso comigo, ajudando-me a lidar com isso. Em sua visita a Londres, ele também falara com Krishnadas Prabhu, que já estava convencido de que, em minha vida passada, eu havia sido Raghava. Krishnadas Prabhu ficou bastante aliviado, embora fosse bastante coisa para ele digerir.
Uma vez, quando Guru Maharaja falou comigo, ele me perguntou jocosamente: “Então, quem era a garota na qual você estava pensando na hora da morte?”. Fiquei tanto chocada quanto envergonhada, e respondi: “Não sei, e é melhor que eu não saiba”. No verso 8.6 do Bhagavad-gita Como Ele É, declara-se: “O que quer que penses no momento da morte, esse estado alcançarás impreterivelmente”.
Eu Jamais Deixei Você
JUNHO, 2002: Desde a infância, eu tinha os mesmos sonhos recorrentes de que eu estava olhando para fora da janela do meu quarto e tudo o que eu podia ver eram montanhas e folhagem.
NOVEMBRO, 2002: Encontrei-me pela primeira vez, em Edinburgh, com a ex-mulher de Krishnadas Prabhu, Dhenuvati. Ela conheceu Raghava quando ele prestou alguns serviços com ela na cozinha do templo de Edinburgh. Ela tinha dois cães, e eu fiquei com medo de seus cães, devido ao que comecei a tirar minha mão esquerda do caminho. Mencionei, então, que eu havia tido um sonho realístico de que eu havia sido mordida por um cachorro na palma de minha mão esquerda no parque. Dhenuvati ficou deveras embasbacada e respondeu que ela se lembrava da ocasião em que Raghava havia vindo correndo em direção a ela e disse que não iria mais à praça The Meadows porque havia sido mordido por um cachorro na palma de sua mão esquerda.
NOVEMBRO, 2002: Dhenuvati também mencionou que Krishnadas Prabhu chorou muitas vezes por Raghava e dizia que ele gostaria de trazer seu velho amigo de volta. Imediatamente liguei para Krishnadas Prabhu e mencionei o que Dhenuvati havia dito. Eu disse a ele: “Eu jamais deixei você”. Krishnadas Prabhu ficou muito emotivo.
Satyavati*
SETEMBRO, 2003: Quando o mestre espiritual brinca, sempre há um significado por trás disso. Comecei a me lembrar da garota indiana que Raghava gostava muito, que também ficava no templo de Edinburgh. Então, liguei para Dhenuvati e ela confirmou que isso era verdade, porque ela havia visto as interações entre Raghava e uma moça indiana chamada Satyavati. Ele se concentrava mais nela do que em sua japa, e se queixava dela a Dhenuvati muitas vezes. Ele estava tanto atraído quanto avesso a ela, então ele não podia ficar normal próximo a ela, em razão do que não a tratava apropriadamente. Quando ela entrava na cozinha, ele ficava tímido e saía. Fiquei com vergonha de ouvir tudo isso.
* Nome fictício
MARÇO, 2004: Tive um sonho no qual eu estava sentada na parte de trás de um veículo, e Krishnadas estava lá. Então, o sonho mudou – em vez de Krishnadas Prabhu, era Srila Prabhupada sentado, e ele estava escrevendo algo. Depois deste sonho, meus sonhos de batidas pareceram diminuir.
OUTUBRO, 2004: Fui ao festival memorial de Tribhuvanath Prabhu, e seus dois irmãos me deram uma carona até em casa. Estávamos conversando, mas eles não sabiam nada sobre a história de minha vida passada. Coincidentemente, um deles começou a falar sobre uma moça indiana com a qual ele trabalhava, que conheceu Tribhuvanath Prabhu. Ele disse que o nome dela era Satyavati. Fiquei chocada ao ver que ele havia acabado de falar da moça pela qual Raghava havia se atraído.
Pedi-lhe pelos detalhes do contato dela e me encontrei com ela dizendo que estava vindo para lhe dar doces mahaprasada de Dhenuvati. Era magnífico e estranho como tínhamos olhos, silhueta e atributos similares. Eu lhe dei os doces e, dentro de mim, pedi-lhe desculpas por todas as minhas ofensas, pois eu sentia que, nesta vida, eu estava sofrendo alguma reação cármica. Perguntei-lhe sobre Raghava várias vezes, mas ela não conseguiu se lembrar dele. Com o encontro, vi que eu deveria ter sido mais consciente de Srila Prabhupada e Krishna em minha vida passada.
Obrigada, Prabhu
JANEIRO, 2005: Tive um sonho que mostrou que eu estava como um brahmachari no Bury Place, número 7, onde Sri Sri Radha-Londonisvara presidiram nos anos 70. Raghava havia visitado e permanecido ali por algumas vezes.
ABRIL, 2005: Telefonei a Revatinandana Prabhu no Havaí. Eu havia lhe enviado minhas revelações sobre Raghava uma semana antes. Ele falou muito gentilmente comigo que eu era muito abençoada por ter essas lembranças. Ele lembrou o acidente e como Srila Prabhupada havia lhe pedido que oferecesse prasada e orações à “minha” foto. Foi estranho agradecer-lhe por oferecer orações e a maravilhosa prasada à minha foto chamando a alma partida a honrá-la. Sinto-me endividada para com a amabilidade de Revatinandana Prabhu.
MAIO, 2005: Fiquei curiosa por saber se a família de Raghava estava próxima, então busquei o post-mortem de Raghava, certidão de nascimento e atestado de óbito, juntamente com o atestado de óbito de sua mãe. Foi estranho ter em mãos o atestado de óbito de minha vida passada e o post-mortem como um aviso da realidade desta vida também. Eu sabia que Raghava não tivera irmãos ou irmãs, então não havia ninguém com quem eu pudesse entrar em contato. É incrível como, em uma vida, somos muito apegados à nossa família, parentes e amigos e, então, em nossas vidas subsequentes, toda relação é findada com o término do corpo anterior.
Todas as minhas marcas de nascença, cicatrizes e doenças se correlacionam com as feridas mortais de Raghava. Também adquiri algumas folhas com declarações de testemunhas do acidente.
Montanhas e Folhagens de Scotland
JUNHO, 2005: Decidi visitar a casa onde Raghava havia vivido com seus pais em Glasgow. Bati na porta, mas ninguém atendeu. Então, bati na porta de “meus” vizinhos, onde o jardim era compartilhado, e me encontrei com uma senhora idosa de nome Mary. Com nossa conversa, descobri que ela havia sido minha vizinha. Ela havia sido bastante amiga da mãe de Raghava, Hannah. Quando mencionei minhas revelações, ela se convenceu. Ela me convidou a entrar e foi muito amigável comigo. Ela disse: “Se você for à janela do quarto do David, unicamente da janela de seu quarto, você pode ver belas montanhas e folhagens”. Fiquei chocada e comecei a chorar, visto que isso era a resposta ao meu sonho recorrente. Mary e eu mantivemos contato. Dei a ela o livro Coming Back, de Srila Prabhupada, o qual ela achou muito interessante.
ABRIL, 2006: Novamente experienciei o sonho recorrente das montanhas e folhagens. Agora, no sonho, eu estava indo em direção às montanhas e folhagens. Atrás das colinas, encontrei uma sala. Ao entrar, vi que havia muitas Deidades de Krishna ocupadas em diferentes passatempos, como Krishna matando demônios, Krishna com mãe Yashoda, Radha e Krishna etc. Fiquei muito atraída por mãe Yashoda e Krishna. Esse sonho me revelou que a felicidade eterna pela qual todos nós estamos buscando existe apenas em relação a Krishna.
ABRIL, 2006: Estava sentindo uma intensa necessidade de estabelecer minha relação com Srila Prabhupada, uma vez que eu o havia deixado prematuramente. Agora, a possibilidade de isso acontecer era seguindo suas instruções através da leitura de seus livros, assistindo vídeos, DVDs, e através da guia de Bhakti-charu Maharaja. Sou muito afortunada por ter Bhakti-charu Maharaja como meu Guru Maharaja, dado que ele está peritamente levando-me para perto dos pés de lótus de Srila Prabhupada. Sou imensamente grata a Srila Prabhupada por sua ilimitada proteção.
MAIO, 2006: Visitei o mesmo local onde Raghava havia deixado seu corpo, na autoestrada em Morpeth, com a ajuda do relatório das declarações das testemunhas. Enquanto permaneci na mesma área, pude sentir-me como Raghava. Eu não estava pronta para deixar meu corpo no momento da morte. Quando vi a autoestrada, uma placa era de Edinburgh para Morpeth e a outra era de Morpeth para Londres. Era o fim de uma vida e o começo da seguinte.
Seguindo em Frente
2010: Krishna Vidhi Prabhu e eu nos divorciamos e seguimos por rumos diferentes. Foi um acordo amigável, porque ambos concordamos que jamais havíamos vivido como um casal comum. Éramos mais como brahmacharis em uma vida de grihastha. Ele continua realizando hari-namas três vezes ao dia e é muito dedicado aos santos nomes de Krishna no templo da rua Soho. Ainda somos bons amigos e mantemos contato. Entreguei-me ao programa do festival da ISKCON de Tribhuvanath Prabhu, que é agora gerido por Giridhari Prabhu. Meu afazer é o serviço em tempo integral dentro do programa do festival. Sinto-me muito afortunada por, de algum modo, ser protegida por Tribhuvanath Prabhu vida após vida e estar, de alguma forma, sob sua autoridade.
Diagnósticos Médicos e Realizações
O post-mortem de Raghava mostrou que ele teve múltiplos ferimentos, mas a maioria de seus ferimentos aconteceu ao redor de seu abdômen, nos intestinos e na pelve. Meus diagnósticos médicos mostram que tenho inflamação no interior do estômago, o que faz com que meu abdômen distenda e cause marcas ao redor de meu abdômen. Meus intestinos e minha pelve são fracos, e ainda estou me submetendo a vários testes para investigar problemas ao redor dessa área. Todas as minhas marcas de nascença e cicatrizes também correspondem às feridas de Raghava, como exposto em seu post-mortem.
Meu humor devocional é similar ao da minha vida passada. O principal serviço de Raghava era hari-nama sankirtana. Devo ter desejado fortemente voltar para Tribhuvanath Prabhu. Sinto as emoções de Raghava muito fortes especialmente quando me encontro com devotos que o conheceram, e também quando visito aqueles lugares onde Raghava esteve. Tenho medo de dirigir veículos. Internamente, meu humor é de um brahmachari. Desde os meus primeiros anos, jamais tive o desejo de ter filhos e sempre permaneci celibatária mesmo na minha vida matrimonial.
Krishnadas Prabhu sempre se sentiu muito culpado por ter dormido ao volante e, por causa de sua sinceridade, foi novamente unido a Raghava. O que quer que tenha acontecido, foi um acidente e estava destinado a acontecer comigo, logo não culpo Krishnadas Prabhu de forma alguma. Espero que isto o ajude a superar sua culpa.
Em qualquer corpo em que nos encontremos, devemos tratar os outros da mesma forma que gostaríamos de ser tratados. Toda ação tem uma reação igual e contrária. Isso também significa respeitar o corpo dos animais e não os abater para nos alimentarmos. Do contrário, sofreremos os mesmos resultados. O melhor é manter Krishna no centro de nossas relações. Nossa relação com nosso mestre espiritual e Krishna é eterna, mas as outras relações terminarão com o corpo. A lição última para todos nós é nos tornarmos sérios em nossas práticas devocionais. O processo que Srila Prabhupada nos deu, a filosofia que nos une como uma família, é perfeita como ela é.
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