As 64 Qualidades de Sri Krishna: Qualidades de 49 a 56

07 R (artigo - Krishna) As 64 Qualidades  de Krsna - 49 a 56 (2300) (bg)A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
(Excerto da obra O Néctar da Devoção)

Completamente honrado, controlador supremo, imutável, conhecedor de tudo, sempre viçoso, sac-cid-ananda-vigraha, possui todas as perfeições místicas, possui potências inconcebíveis.

49. Completamente honrado

Chama-se “completamente honrada” uma pessoa que seja a principal entre to­das as pessoas importantes.

Quando Krishna vivia em Dvaraka, semideuses como o Senhor Shiva, o Senhor Brahma e Indra, o rei dos céus, bem como muitos outros, costumavam ir visitá-lO. Em um dia de muito movi­mento, o porteiro encarregado de administrar a entrada de todos esses semideu­ses disse: “Querido Senhor Brahma e querido Senhor Shiva, por favor, sentem-se neste ban­co e aguardem. Meu caro Indra, por favor, desista de ler suas orações. Isso está provocando perturbação. Por favor, espere em silêncio. Por favor, meu caro Varuna, vá-se embora. E meus queridos semideuses, não desperdicem seu tempo inutilmente. Krishna está muito a­tarefado; Ele não os pode ver!”.

50. Controlador supremo

Existem dois tipos de controladores, ou senhores: aquele que é independente é con­siderado controlador, e aquele cujas ordens ninguém pode negligenciar é considerado controlador.

No que diz respeito à completa independência e completo domínio de Krishna, o Srimad-Bhagavatam diz que, apesar de Kaliya ter sido um grande ofensor, Krishna favoreceu-o marcando-lhe a cabeça com Seus pés de lótus, ao passo que o Senhor Brahma, embora houvesse orado a Krishna com muitos versos maravilhosos, não foi capaz de atraí-lO.

Esse tratamento contraditório de Krishna é exatamente conveniente à Sua posição, porque, em todas as obras védicas, Ele é descrito como aquele completamente independen­te. No começo do Srimad-Bhagavatam, o Senhor é descrito como svarat, que significa “completamente independente”. Tal é a posição da Suprema Verdade Absoluta. A Ver­dade Absoluta não é apenas senciente, mas também completamente independente.

Quanto ao fato de que as ordens de Krishna não são negligenciadas por ninguém, no Srimad-Bhagavatam (3.2.21), Uddhava diz a Vidura: “O Senhor Krishna é o Senhor dos três modos da natureza material. Ele é o desfrutador de todas as opulências, e, por conseguinte, não há ninguém que seja igual ou superior a Ele”. Todos os grandes reis e imperadores costumavam apresentar-se diante dEle, ofertar-Lhe seus presentes e oferecer-Lhe suas reverências com seus elmos tocando os pés do Senhor. Certo devoto disse: “Meu querido Krishna, quando ordenais a Brahma – ‘Agora cria o universo’ –, e quando ordenais ao Senhor Shiva – ‘Agora dissolve esta manifestação material’ —, Vós mesmo criais e dissolveis a criação material. Simplesmente por Vossas ordens e por Vossa repre­sentação parcial como Vishnu, mantendes os universos. Assim, ó Krishna, ó inimigo de Kamsa, há muitíssimos Brahmas e Shivas que simplesmente levam a cabo Vossas ordens”.

51. Imutável

Krishna não muda Sua posição constitucional, nem mesmo quando aparece neste mundo material. As posições espirituais constitucionais das entidades vivas comuns são encobertas. Elas aparecem em corpos diferentes e atuam segundo diferentes conceitos corpóreos de vida. Krishna, em contraste, não muda Seu corpo. Ele aparece com Seu próprio corpo e, em razão disso, os modos da natureza material não O afetam. No Srimad-Bhagavatam (1.11.38), declara-se que a prerrogativa especial do controlador supremo é que os modos da nature­za não O afetam de forma alguma.

07 R (artigo - Krishna) As 64 Qualidades  de Krsna - 49 a 56 (2300) (bg)1Uma retratação de Krishna acima dos três modos da natureza material, os quais controlam somente as almas condicionadas.

O exemplo prático disso é que os devotos que se encon­tram sob a proteção do Senhor também não se deixam afetar pela natureza material. É muito difícil superar a influência da natureza material, mas os devotos, ou as pessoas santas que estão sob a proteção do Senhor, não se deixam afetar. Qual é, então, a neces­sidade de se falar do próprio Senhor? Para ser mais claro, embora o Senhor às vezes apareça neste mundo material, Ele não possui ligação alguma com os modos da natureza, senão que atua em Sua posição transcendental com absoluta independência. Eis a qualidade espe­cial do Senhor.

52. Conhecedor de tudo

Considera-se que qualquer indivíduo capaz de entender os sentimentos de to­das as pessoas e os incidentes em todos os lugares e em todos os momentos é conhecedor de tudo.

Um ótimo exemplo da qualidade de conhecimento pleno do Senhor é descrito no Srimad-Bhagavatam (1.15.11) em relação à visita de Durvasa Muni à casa dos Pandavas na floresta. Seguindo um plano premeditado, Duryodhana mandou que Durvasa Muni e seus dez mil discípulos fossem se hospedar na casa dos Pandavas na floresta. Duryodhana planejou tudo de forma que Durvasa e seus homens chegassem à casa dos Pandavas exatamente quando estes houvessem terminado de almoçar a fim de que os Pandavas fossem surpreendidos sem recursos suficientes para alimentar um número tão grande de hóspedes. Como conhecia o plano de Duryodhana, Krishna foi ter com os Pandavas e perguntou a Draupadi, a esposa deles, se havia alguma sobra de alimento que ela pudesse Lhe oferecer. Draupadi ofereceu-Lhe um recipiente no qual havia apenas o fragmento de uma preparação vegetal, o qual Krishna comeu prontamente. Nesse instante, todos os sábios que acompanhavam Durvasa se banhavam no rio, e, quando Krishna sentiu-Se satisfeito por ter comido a oferenda de Draupadi, eles também se sentiram satisfeitos, e sua fome extinguiu-se. Como Durvasa e seus homens não seriam capazes de comer mais nada, eles foram embora sem passar pela casa dos Pandavas. Dessa maneira, os Pandavas foram salvos da cólera de Durvasa. Duryodhana os tinha mandado ali porque sabia que os Pandavas não conseguiriam receber um número tão grande de pessoas, o que faria com que Durvasa se irritasse e amaldiçoasse os Pandavas. Krishna, todavia, salvou-os dessa calamidade mediante Sua artimanha e mediante Sua qualidade de tudo conhecer.

53. Sempre viçoso

Krishna é sempre lembrado, e milhões de devotos sempre cantam Seu nome sem que jamais se saturem de fazê-lo. Em vez de perderem o interesse de pensar em Krishna e de cantar Seu santo nome, os devotos renovam sempre seu ímpeto por con­tinuar o processo. Krishna, portanto, é sempre viçoso. Não apenas o próprio Krishna, senão que o conhecimento acerca de Krishna também é sempre viçoso. O Bhagavad-gita, que foi comunicado 5 mil anos atrás, ainda é lido repetidamente por muitas e muitas pessoas, a despeito do que sempre nos proporciona novos esclarecimentos. Por conseguinte, Krishna, Seu nome, Sua fama, Suas qualidades – e tudo que tem relação com Ele – são sempre viçosos.

Todas as rainhas que viviam em Dvaraka eram deusas da fortuna. No Srimad-Bhagavatam (1.11.33), afirma-se que as deusas da fortuna são muito instáveis e inquietas, tão fortemente que ninguém pode cativá-las de modo consistente. Desta maneira, sempre haverá momentos em que nossa sorte mudará. Contudo, as deusas da fortuna não conseguiam deixar Krishna sequer por um momento na época em que viviam com Ele em Dvaraka. Isso quer dizer que a atração de Krishna é sempre viçosa. Nem mesmo as deusas da fortuna conseguem deixar Sua companhia. Quanto ao fato de que os aspectos atrativos de Krishna são sempre viçosos, Radharani faz uma declaração no Lalita-madhava em que compara Krishna ao maior dos escultores porque Ele é perito em cinzelar a castidade das mulheres. Em outras palavras, mesmo que as mulheres castas sigam as regras e regula­ções dos princípios védicos de modo a se manterem sempre fiéis a seus respectivos maridos, Krishna é capaz de romper-lhes a castidade pétrea com o cinzel de Sua beleza. A maioria das amigas de Krishna era casada, mas, como Krishna tinha sido amigo delas antes de elas se casarem, elas não conseguiam se esquecer de Seus atributos atrativos, os quais sempre as fascinavam, mesmo depois de casadas.

54. Sac-cid-ananda-vigraha

O corpo transcendental de Krishna é eterno, pleno de conhecimen­to e bem-aventurança. Sat significa “que existe sempre, a todo momento e em todos os lugares”; em outras palavras, onipenetrante no tempo e no espaço. Cit significa “pleno de conhecimento”. Krishna nada tem a aprender com quem quer que seja. Ele é independentemente pleno de todo o conhecimento. Ananda significa “o reservatório de todo o prazer”. Os impersonalistas buscam fundirem-se na refulgência Brahman de eterni­dade e conhecimento, mas evitam a maior parte do prazer absoluto, a qual está em Krishna. O indivíduo pode gozar a bem-aventurança transcendental de se fundir na reful­gência Brahman após se livrar da contaminação da ilusão material, da identificação falsa, do apego, do desapego e da absorção na matéria. Esses são os requisitos preliminares de uma pessoa que deseja compreender o Brahman. No Bhagavad-gita, afirma-se que temos que nos encher de alegria, o que, neste caso, não é exatamente alegria, mas um sentimento de ausência de todas as ansiedades. A ausência de todas as ansiedades pode ser o princípio da alegria, mas não é alegria verdadeira. Aqueles que realizam o eu, ou que se tornam brahma-bhuta, estão apenas se preparando para a plataforma da alegria. Semelhante alegria pode ser realmente lograda apenas quando se entra em contato com Krishna. A consciência de Krishna é tão comple­ta que inclui o prazer transcendental que se consegue com a realização Brahman, ou realização impessoal. Mesmo o impersonalista há de se sentir atraído pela forma pessoal de Krishna, conhecida como Shyamasundara.

A declaração da Brahma-samhita confirma que a refulgência Brahman se constitui dos raios corpóreos de Krishna: a refulgência Brahman é simplesmente uma amostra da energia de Krishna. Krishna é a fonte da refulgência Brahman, como Ele próprio confirma no Bhagavad-gita. Podemos concluir, a partir disso, que o aspecto impessoal da Verdade Absoluta não é o fim último, senão que Krishna é o fim último da Verdade Absoluta.

Os membros das escolas vaishnavas, portanto, jamais tentam se fundir na refulgência Brahman em sua busca pela perfeição espiritual. Eles aceitam que Krishna é a meta última da autorrealização. Krishna, por conseguinte, chama-se Param Brahman (o Brahman supremo) ou Paramesvara (o controlador supremo). Sri Yamunacarya ora como segue: “Meu querido Senhor, sei que o universo gigantesco e o espaço e tempo igualmente gigantescos dentro do universo são cobertos pelas dez camadas dos elementos materiais, cada camada sendo dez vezes maior do que a an­terior. Os três modos da natureza material, Garbhodakashayi Vishnu, Kshirodakashayi Vishnu e o Maha-Vishnu, e, além deles, o céu espiritual e seus planetas espirituais, conheci­dos como Vaikunthas, e a refulgência Brahman naquele céu espiritual – a soma de tudo isso não é nada senão uma pequena amostra de Vossa potência”.

55. Possui todas as perfeições místicas

Há muitos padrões de perfeição. As perfeições materiais mais elevadas, obtidas por yogis perfeitos, figuram em número de oito: tornar-se o menor dos menores, tornar-se o maior dos maiores etc. Podemos encontrar inte­gralmente todas essas perfeições materiais, bem como todas as perfeições espirituais, na personalidade de Krishna.

56. Possui potências inconcebíveis

OLYMPUS DIGITAL CAMERAKrishna, como a Superalma, dentro de um átomo.

Krishna está presente em toda parte, e não apenas dentro do universo ou apenas no coração de todas as entidades vivas, mas também dentro de cada átomo. Nas orações da rainha Kunti, essa faz menção de tal potência inconcebível de Krishna. Ao mesmo tempo em que dirigia a palavra a Kunti, Krishna entrou no ventre de Uttara, que estava em perigo de­vido à arma atômica de Asvatthama. Krishna pode iludir até mesmo o Senhor Brahma e o Senhor Shiva e pode proteger da reação a atividades peca­minosas todos os devotos rendidos. Esses são alguns dos exemplos de Suas potências inconcebíveis.

Srila Rupa Gosvami, portanto, oferece suas reverências a Krishna dizendo: “Krishna, que Se apresenta sob a forma de um ser humano, tem como Sua mera sombra toda a natureza material. Ele Se expandiu em muitíssimas vacas, bezerros e vaquei­rinhos e Se manifestou novamente em todos eles como o Narayana de quatro braços. Ele ensinou a autorrealização a milhões de Brahmas, devido a que é adorável não somente pelos líderes de todos os universos, mas também por todas as outras pes­soas. Que eu, destarte, sempre O aceite como a Suprema Personalidade de Deus”.

Quando Krishna derrotou Indra na questão da tomada da planta parijata do céu, Narada encontrou Indra e o criticou: “Ó Indra, grande rei dos céus, Krishna já derrotou o Senhor Brahma e o Senhor Shiva. O que se pode falar, então, de um semideus insignificante como tu?”. Evidentemente, Narada Muni estava criticando Indra jocosamente, e Indra gostou disso. Na declaração de Narada, confirma-se que Krishna foi capaz de iludir mesmo o Senhor Brahma e o Senhor Shiva, bem como Indra. Desta maneira, não há dúvidas de que Krishna tem poder para fazer o mesmo com entidades vivas menores.

A Brahma-samhita apresenta a seguinte descrição do poder que Krishna possui para minimizar os sofrimentos das reações pecaminosas: “Começando do grande rei dos céus e descendo até a formiga, todos se submetem às reações de feitos passados. Um devoto de Krishna, entretanto, alivia-se de tais reações pela graça de Krishna”. Isso foi claramente provado quando Krishna foi ao local de Yamaraja, o senhor da morte, para recuperar os filhos mortos de Seu mestre. O mestre de Krishna pedira a Ele que lhe trouxesse seus filhos mortos de volta, para o que Krishna dirigiu-Se ao local de Yamaraja a fim de reivindicar essas almas que Yamaraja havia levado para lá e que estavam sendo mantidas sob seu controle. Krishna ordenou imediatamente a Yamaraja: “Beneficia-te com Minha ordem e Me devolve essas almas!”. O significado deste incidente é que mesmo uma pessoa que esteja subordinada aos princípios reguladores das leis da natureza e que, portanto, seja passível da punição de Yamaraja conforme tais leis pode receber imunidade completa pela graça de Krishna.

Shukadeva Gosvami descreve as potências inconcebíveis de Krishna como segue: “Krishna confunde minha inteligência porque, apesar de ser não-nascido, Ele aparece como o filho de Nanda Maharaja. Ele é onipenetrante, mas, não obstante, Yashoda O segura no colo. Apesar de ser onipenetrante, Ele Se limita por causa do amor de Yashoda. Muito embora possua inumeráveis formas, Ele Se comporta como um só Krishna perante Seu pai e Sua mãe, Nanda e Yashoda”. Na Brahma-samhita, também se diz que, embora Krishna viva eternamente em Goloka Vrindavana, Sua morada transcendental, Ele está presente em toda parte, inclusive dentro dos átomos.

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