Comentários de um Paramahamsa a uma Obra Transcendental
Vana-vihari Devi Dasi
Crítica à obra Chaitanya Shataka, de Srila Sarvabhauma Bhattacharya, publicada em português com os comentários de Sua Santidade Chandramukha Swami e com tradução diretamente do sânscrito.
giyate yai ratitvena
chaitanya-shatakam muda
pathyate sruyate tais tu
praptah syat sri-shachisutah
Essa é a bênção de Srila Sarvabhauma Bhattacharya para quem ler o seu Chaitanya Shataka. A citação diz: “Quem quer que, regularmente e com devoção e apego, ouça e cante este Chaitanya-shatakam certamente alcançará os pés de lótus do filho de Srimati Shachidevi, onde encontrará ocupação no serviço amoroso”.
Essa bênção também abre a única versão em português do Chaitanya Shataka, de Srila Sarvabhauma Bhattacharya, traduzida do sânscrito por Mukunda Dasa e comentada por Chandramukha Swami. Maharaja Chandramukha admite que, sem o trabalho de Mukunda Dasa, o acesso às verdades nectáreas do Sri Chaitanya Shataka seria impossível.
Lançado em 2013, trata-se de uma ousadia da editora Govinda Sons e Letras, reunindo os cem versos originais de glorificação a Sri Chaitanya Mahaprabhu, em transliteração latina do sânscrito, e com tradução para o português de palavra por palavra e do verso, e o brilhante comentário de Chandramukha Swami, que se deleitou ao constatar que as verdades contidas no Chaitanya Shataka são as mesmas íntimas e profundas encontradas no Chaitanya-charitamrita, o livro apresentado pelos vaishnavas como o estudo pós-graduado da consciência de Krishna.
Chandramukha Swami.
No prefácio, o autor dos comentários explica que isso acontece porque “ambos tratam de revelações extremamente confidenciais sobre prema-tattva, a verdade concernente ao amor espiritual supremo intercambiado entre Sri Krishna e Srimati Radharani, que ocorre na associação das vraja-gopis, as mais íntimas do Casal Divino”. Por se tratar de um tópico secreto, recomenda-se não discuti-lo abertamente com um público não-vaishnava, pois destina-se somente aos paramahamsas, verdadeiros cisnes transcendentais.
Ainda no prefácio, Chandramukha Swami explica que todas as escrituras reveladoras das glórias de Sri Chaitanya concordam num ponto: “Nada se compara à Sua misericórdia, que pode outorgar amor a Deus até a uma pessoa cheia de ofensas!”. Ou seja, segundo Chandramukha Swami , “a dádiva mais rara do universo, krishna-prema, se propõe a vir sem demora ao encontro daquele que invocar os nomes de Chaitanya com pureza e sinceridade, expurgando todas as ofensas alojadas no coração”.
Sarvabhauma Bhattacharya, autor do Chaitanya Shataka, na ocasião do aparecimento de Sri Chaitanya, era supervisor do templo do Senhor Jagannatha, em Puri. Depois de um debate entre o Senhor Chaitanya e Sarvabhauma Bhattacharya sobre a autoridade das escrituras védicas, especificamente do Vedanta-sutra, o segundo, seguidor impersonalista de Shankaracharya, viu-se derrotado por Chaitanya Mahaprabhu. Esse, por sua vez, apresentou de 18 maneiras diferentes o verso atmarama do Bhagavatam (1.7.10).
Dissipadas, então, todas as dúvidas de Sarvabhauma Bhattacharya, ele se rendeu aos pés do Senhor Chaitanya, que, por misericórdia, revelou-lhe Sua forma shad-bhuja, a personificação simultânea de Chaitanya, Rama e Krishna. Depois disso, Sarvabhauma Bhattacharya compôs imediatamente o Chaitanya Shataka.
Antes de comentar o Chaitanya Shataka, Chandramukha Swami já havia escrito 20 livros. Depois deste, já lançou mais um e tem outro “no forno”. Ao compreender que esta se trata de uma obra que se destina, entre o público vaishnava, aos paramahamsas, verdadeiros cisnes transcendentais, Maharaja Chandramukha revela que chegou a sentir-se desconcertado. Achou que seria muita ousadia desejar comentar versos tão elevados.
Contudo, ainda bem que Chandramukha Swami não conseguiu resistir ao ímpeto e presenteou, com um trabalho esplendoroso, o público vaishnava que se interessa por krishna-prema. Tão inspirada, respeitosa e filosoficamente abordados, os tópicos dos comentários se fundamentam em várias citações de shastras, que pouco a pouco revelam e ilustram as realizações do comentarista. Como sempre, muito agradáveis de serem apreciadas e carregadas de conhecimento transcendental, pois brotam de um verdadeiro paramahamsa.
Uma obra clássica da literatura vaishnava que não pode faltar nos estudos filosóficos dos seguidores do Senhor Chaitanya, o maior e mais misericordioso distribuidor de amor por Deus de todas as eras e que, além de tudo, traz uma bênção. Encadernadas em brochura, com capa belamente ilustrada pela forma shad-bhuja do Senhor Chaitanya, são 183 páginas de puro néctar. De fato, leitura abençoada.
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Realmente, o livro é muito bom, como todos os outros livros do meu querido guru – Chandramukha Swami! Haribol!!!
17 de dezembro de 2014 às 9:28 AM