O Monge e o Aposentado: Novo Livro de Purushatraya Swami
Entrevista com Purushatraya Swami
Em um livro de formato inovador, Purushatraya Swami traz um diálogo ficcional entre ele mesmo e um amigo ateu, recém-aposentado, com quem se encontra por acaso nas ruas do Rio de Janeiro.
Volta ao Supremo: Qual foi a motivação para o senhor escrever este livro, O Monge e o Aposentado?
Purushatraya Swami: A ideia inicial partiu de um encontro casual que tive no centro do Rio com um companheiro dos tempos de juventude, que morava próximo de minha casa, num recanto bem aprazível da cidade. Fazia muito que não nos víamos – cerca de três ou quatro décadas. Esse encontro, descrito no meu livro, durou não mais do que cinco ou seis minutos, mas foi o suficiente para ele perguntar o que eu fazia no momento. Expliquei, então, com certa empolgação, os planos e desafios do projeto que eu coordeno em Paraty. Ele, então, comentou que tinha entrado recentemente na aposentadoria e estava admirado pelo fato de eu estar cheio de planos e desafios, enquanto ele não tinha ideia de em que se ocuparia dali para frente. Esse inusitado encontro entre duas pessoas com paradigmas de vida bem diferentes foi o “gancho” que encontrei para elaborar, a partir daí, uma longa conversa.
Volta ao Supremo: Parece ser bem comum esse vazio acontecer na vida das pessoas, nessa fase da vida.
Purushatraya Swami: Nós seguimos a linha de nosso mestre Prabhupada – sem aposentadoria, até o fim.
Volta ao Supremo: Trata-se de um livro autobiográfico?
Purushatraya Swami: Não exatamente. Em poucas passagens, no primeiro capítulo, eu me refiro a alguns fatos que realmente ocorreram em minha vida, mas posso afirmar que noventa e cinco por cento do livro é ficção.
Purushatraya Swami.
Volta ao Supremo: Como foi o planejamento da obra?
Purushatraya Swami: Não teve nenhum planejamento preliminar. As ideias iam surgindo e procurava ordená-las. Vários temas que foram abordados no livro vinham sendo pesquisados já há algum tempo, simplesmente por interesse intelectual, mas sem nenhum planejamento estratégico para publicá-los. Esses assuntos, tanto espirituais quanto seculares, foram aparecendo em cena na medida em que o diálogo se desenrolava.
Volta ao Supremo: Poderia apresentar alguns exemplos de temas que foram objeto de sua pesquisa e foram abordados no livro?
Purushatraya Swami: É claro que o meu objeto de pesquisa maior e sempre crescente é o conhecimento dos shastras, a filosofia espiritual dos Vedas. À parte disso, li o livro Deus, um Delírio, para saber o que o mais famoso apóstolo do ateísmo, Richard Dawkins, defendia. Vi também, no Youtube, alguns debates entre os defensores do Big Bang e os criacionistas. Por anos, vinha também pesquisando o que realmente move o pensamento da esquerda e da direita na política. As bases da ideologia comunista e o fenômeno sociológico moderno do “politicamente correto” foram também objeto de uma pesquisa pessoal. Para todos esses assuntos, e outros mais, eu encontrei uma brecha para discutir no livro.
Capa do livro O Monge e o Aposentado.
Volta ao Supremo: Em comparação com o seu primeiro livro, Sanidade Espiritual, o livro recém-lançado foi mais fácil ou mais difícil de escrever?
Purushatraya Swami: O Monge e o Aposentado foi bem mais difícil de ser escrito, embora seja, certamente, mais fácil de ser “digerido” pelo leitor.
Volta ao Supremo: Por quê?
Purushatraya Swami: Pela própria dinâmica do livro. Por ter assumido esse formato de perguntas e respostas, isso exigiu uma argumentação sempre bem colocada e precisa. Tive o cuidado de não deixar que o texto se tornasse pesado. Esforcei-me para fazê-lo o mais leve e fluido possível, apesar de tratar de assuntos densos e até complexos. Espero ter conseguido esse intento.
Volta ao Supremo: Qual é o público que o livro pretende atingir?
Purushatraya Swami: Com o Sanidade Espiritual, recebi vários feedbacks de pessoas que declararam ser esse o seu livro de cabeceira. E eram pessoa sem nenhum compromisso com nossa linha espiritual. Isso foi muito gratificante. O objetivo de entrar num público não necessariamente afim com a filosofia védica vem sendo perseguido. O bom resultado desse tipo de abordagem mostra uma avenida bem pródiga a ser explorada. Pouco a pouco, as pessoas vão sendo introduzidas a certos conceitos filosóficos oriundos de fontes culturais, que não são parte de nosso habitat. Esse é um efeito positivo da globalização dos tempos atuais. O novo livro segue essa mesma linha.
Volta ao Supremo: Neste livro, o senhor emite opiniões bem pessoais. Não acha um tanto arriscado expor conceitos para os quais, certamente, muitos ou alguns vão “torcer o nariz”?
Purushatraya Swami: Uma vez, na Índia, eu estive presente numa roda de conversas em que se encontrava uma pessoa extremamente erudita, ainda em seus quarenta e poucos anos. Lá pelas tantas, perguntaram a essa pessoa por que ela só se ocupava em ministrar cursos quando poderia se dedicar mais a escrever livros. O sujeito, então, respondeu: “Espere eu chegar aos setenta”. Levei essas palavras a sério. Por isso, me vejo com direito de dizer o que penso, sem ficar preso a rótulos e ideologias, sem compromissos com modismos ou conservadorismos. É importante expressar livremente minha visão de mundo.
Volta ao Supremo: Algum novo plano em vista para novas publicações?
Purushatraya Swami: Sim. Já tenho algum material em andamento.
Volta ao Supremo: Poderia nos adiantar algo?
Purushatraya Swami: O tema é bhakti-yoga.
Volta ao Supremo: Desejamos sucesso ao seu livro recém-lançado. Qual foi a editora escolhida para sua publicação e a tiragem dessa primeira edição?
Purushatraya Swami: É uma edição independente, do nosso Instituto Paramatma. A tiragem inicial é de dois mil exemplares.
Volta ao Supremo: Agradecemos muito a entrevista. Gostaria de dizer mais algumas palavras?
Purushatraya Swami: Meu empenho é dedicar-me a retransmitir a herança de conhecimento espiritual deixada pelo nosso saudoso Srila Prabhupada, que trouxe para o Ocidente o suprassumo do conhecimento dos Vedas. Srila Prabhupada nos deixou em 1977. Estamos vivendo, nos dias de hoje, um mundo globalizado que, em muitos aspectos, é bem diferente da situação mundial de quarenta anos atrás, quando Prabhupada esteve entre nós. Temos, então, que atualizar nossa forma de nos expressarmos. Não vamos aceitar passivamente deixar cair esse valioso conhecimento em uma posição de irrelevância no cenário espiritual do Ocidente e, especialmente, em nosso país. Espero que todos apreciem O Monge e o Aposentado.
Adquira uma cópia de O Monge e o Aposentado entrando em contato direto com o autor: pswami@goura.com.br.
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