Ministério Prisional da ISKCON: Liberdade Espiritual Atrás das Grades
Madhava Smullen
Prisioneiros, que chegaram ao fundo do poço em seus esforços em busca da felicidade material e têm tempo em abundância para pensar sobre suas escolhas e sobre o verdadeiro propósito da vida, formam uma das audiências mais receptivas e entusiastas em relação à consciência de Krishna.
Desde o início de suas atividades no ano de 2009, aos cuidados da diretora e voluntária em tempo integral Bhakti-lata Dasi, o ramo estadunidense do Ministério Prisional da ISKCON vem alcançando cada vez mais dessa audiência pelo sistema de detenção do país.
E o ano de 2014 tendo chegado a seu fim, os resultados são uma forte inspiração. Somente o escritório de Bhakti-lata em Alachua, Flórida, enviou ano passado 3020 livros e revistas devocionais para os internos, consistindo em sua maioria em livros de Srila Prabhupada, revistas Volta ao Supremo e livros de outros autores devotos.
Ela também enviou imagens, calendários, kanthis, mais de 200 CDs e DVDs de temática espiritual (os quais os internos frequentemente são autorizados a ouvir e ver em suas celas) e quase 100 jogos de contas para meditação. E ela teria enviado muito mais, ela explica, se muitas prisões não proibissem os jogos de contas por causa da possível utilização como arma.
Outros voluntários do Ministério Prisional da ISKCON em dez outros estados americanos também enviaram a prisioneiros ao longo do ano muito mais livros, acessórios espirituais e, é claro, cartas explicando práticas e conceitos básicos da consciência de Krishna e respondendo perguntas sobre a vida espiritual.
Chaitanya Mahaprabhu cantando e dançando com Seus principais associados. Pintura do detento bhakta Brian Babinski.
“Estimo que, no ano de 2014, cerca de 500 internos receberam uma ou mais cartas de voluntários do MPI nos EUA”, diz Bhakti-lata, que também inclui uma foto de Srila Prabhupada e uma transcrição de aula dele junto de cada carta.
Inspirados pelas cartas e pelos livros que leem, internos começam a frequentar programas organizados pelos devotos da ISKCON em prisões por todo o país – recentemente, devotos na Flórida, Carolina do Norte, Virgínia e Utah organizam programas regulares. Esses programas consistem basicamente em kirtana (canto congregacional dos santos nomes); arati (ritual de adoração), quando permitido; uma palestra do Bhagavad-gita com tempo para perguntas e respostas; tempo para canto dos santos nomes contando cada recitação do mantra com jogo de contas (japa), e distribuição de alimento vegetariano santificado (prasada), quando permitido – frequentemente, apenas frutas ou doces.
Chandra Dasa não apenas organiza semanalmente programas da consciência de Krishna no Snake River Correctional Institution, em Oregon, onde ele trabalha, como também ocupa os detentos e os funcionários da prisão em cuidar do “Jardim de Radharani”, onde cultivam flores para oferecerem a Krishna.
Há, é claro, muitos programas prisionais muito ativos fora dos Estados Unidos também. Chandramauli Swami e outros realizam programas em prisões no Brasil, Chile, Bósnia, Croácia e Eslovênia. Krishna-kripa Dasa, na Espanha, organiza programas regulares, para os quais tem autorização para cozinhar banquetes prasada completos e opulentos na cozinha da prisão. E há também programas similares muito ativos na Índia, Austrália e outros países.
Internos especialmente inspirados pela consciência de Krishna também organizam seus próprios programas semanais em uma das dependências da capela da prisão.
“Há dezenas de tais programas acontecendo nas prisões dos Estados Unidos no momento”, diz Bhakti-lata. “Alguns deles são realmente muito bem-sucedidos. Em Petersburg, Virgínia, por exemplo, bhakta Richard começou um programa três anos atrás que agora atrai regularmente de 20 a 25 internos”.
Esses programas, somados às cartas e aos livros que recebem, têm um grande impacto na vida dos detentos. Dois prisioneiros que trabalham em uma cozinha do centro de detenção oferecem todo prato vegetariano que preparam a fim de que toda a prisão receba prasada. Outros internos preparam balas de leite em suas celas a partir de água fervente e pequenos potes de creme de leite que recebem, então oferecem e distribuem regularmente para os outros internos.
Chaitanya abraçando Sanatana. Desenho do prisioneiro bhakta Robert Humple. Abaixo do nome Jagannatha, escreveu: “A vida de Chaitanya foi o exemplo mais perfeito dos ensinamentos do Bhagavad-gita”.
Muitos escrevem cartas para o MPI que brilham em vivência e gratidão.
“Obrigado pelos livros A Vida Vem da Vida e A Fórmula da Paz”, escreveu bhakta Joel S., de Coaltownship, Pensilvânia. “São maravilhosos. Amo os livros de Prabhupada. Acho incrível como são compilados, ilustrados e organizados. Gosto de tudo em relação a eles, especialmente como a misericórdia de Krishna flui livremente a partir deles”.
“Quero estar com Krishna e gozar do amor e da luz de Krishna”, escreveu Bryant Mau, de Corcoran, Califórnia. “Enquanto escrevo esta carta, estou ouvindo os sons da minha alma e sei que Krishna está no meu coração – posso sentir. Quero dançar e cantar”.
E Benjamin B., de Buckeye, Arizona, escreveu: “Tento plantar tantas sementes da consciência de Krishna quanto eu consigo. No momento, tenho um interno nos meus contatos, com o qual estou estudando a consciência de Krishna. Eu o tenho colocado em contato com prabhu Balabhadra, em Boise. Quando recebi o Chaitanya-charitamrita, ele também recebeu alguns livros maravilhosos. Ele ficou muito empolgado e correu até minha cela para me mostrar o que tinha recebido. Foi lindo vê-lo absolutamente seu júbilo!”.
Mesmo após a prisão, ex-internos continuam praticando a consciência de Krishna e encontrando consolo nela. Apesar de pelejar com certa instabilidade mental, Jackie, do sul da Flórida, já em processo de reintegração com a sociedade, convida Bhakti-lata regularmente para fazer programas onde reside e sente prazer em ler sobre Krishna e compartilhar livros de Prabhupada com outras ex-internas. Ela também canta entre 3 e 16 voltas quase diariamente e compartilha maha-doces que recebe do templo de Alachua com suas colegas de quarto.
Então, como todos esses internos ficam sabendo do Ministério Prisional da ISKCON? Alguns ficam sabendo pelo “boca a boca”, alguns leem sobre o mesmo em um guia de recursos prisionais, e outros por meio de experiências mais serendipitosas.
“Um detento estava pedindo por orientações em oração certa noite”, conta Bhakti-lata, “e, na manhã seguinte, viu que alguém havia passado um Bhagavad-gita por baixo da porta de sua cela!”.
É frequente que capelães sejam a conexão entre o MPI e os detentos, fazendo o necessário para que obtenham livros e outros recursos para as práticas espirituais. Muitos são gratos ao MPI por cuidar das necessidades espirituais da população carcerária Hare Krishna e hindu, e alguns começam a ver realmente os benefícios da consciência de Krishna.
Senhor Nrisimha, desenhado pelo detento bhakta Ferril Mickens.
“Muitíssimo obrigado pelo seu ministério […] e pelo aprimoramento e pela educação da população carcerária em geral”, escreveu Rev. Richard G. Barnes, da MTC Imperial Regional Detention Facility, em Calexico, Califórnia. “Aprecio seus esforços mais do que eu poderia traduzir em palavras”.
“Tivemos uma resposta muito positiva em relação a Krishna a partir de algumas das instituições”, escreveu Rev. Michael Sims, de Ellendale, Tennessee. “Gosto de conversar com os internos e ouvir sobre seu progresso espiritual”.
Um capelão ficou tão entusiástico que pediu a um detento que estava praticando a consciência de Krishna para ir até seu escritório e comprar $1500 de livros e acessórios do website Hare Krishna de uma só vez. Agora, após várias compras, sua prisão tem todos os livros de Srila Prabhupada, bem como Deidades, mridangas, karatalas e um harmônio, e vídeos instrutivos, incensos, kurtas, tilaka, DVDs e CDs.
Para Bhakti-lata, ouvir essas histórias é sua força.
“Meu serviço no MPI é a pedra que me dá estabilidade na consciência de Krishna”, ela diz. “Desde que me tornei devota, cantar minhas voltas de japa e ouvir os livros de Prabhupada sempre foi muito importante para mim, mas se tornaram ainda mais importantes desde que comecei a escrever aos internos. Afinal, o que terei a lhes dizer se eu mesma não aprecio o presente inigualável que estou oferecendo a eles”.
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